Com a presença de integrantes de diversos grupos de Capoeira existentes em Maceió, além de mestres de outras capitais do Nordeste, como Aracaju (SE), Salvador (BA) e Fortaleza (CE), a Câmara de Vereadores realizou, na manhã desta sexta-feira (07), uma audiência pública pela passagem do Dia Municipal da Capoeira e do Capoeirista, comemorado em 03 de agosto. A data foi instituída através de Projeto de Lei de autoria da veadora Tereza Nelma (PSDB), aprovado pelo Poder Legislativo municipal em 2009.
A sessão especial contou ainda com a participação do secretário municipal de Esportes e Lazer de Maceió, Antonio Moura; do vice-reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Clébio Araújo; das vereadoras Maria Eliane Silva (PPS), do município de Capela, e Micheline Fernandes Toledo (PV), vice-presidente da Câmara Municipal de Viçosa e coordenadora da Uveal Mulher; de Valdice Gomes, presidente do Conselho Estadual de Igualdade Racial e Carlos Liberdade, presidente da Federação de Capoeira do Estado de Alagoas.
Em seu discurso, a propositora da audiência pública destacou o Dia Municipal como uma data que visa valorizar e reconhecer a Capoeira e o Capoeirista no âmbito do município de Maceió. “A Capoeira é um patrimônio da humanidade que tem um poder extraordinário de modificar a sociedade, de resgatar os indivíduos e de transformar vidas. Não poderíamos deixar de realizar esse momento aqui na Câmara, que é de reflexão e também de busca por avanços”, destacou Tereza Nelma.
Este ano, um dos principais temas de discussão, durante o evento no Plenário da Casa, foi a inserção da Capoeira como elemento aliado da Educação. Para o vice-reitor da Uneal, Clébio Araújo, a modalidade tem uma missão muito séria, sobretudo “quando atravessa o portão da escola”. Segundo ele, além de vencer resistências, a Capoeira “tem por obrigação desconstruir o atual modelo de Educação, que é elitista e conformista, duas características que são antagônicas ao que se propõe a Capoeira”, assegurou.
Na tribuna, o presidente da Federação de Capoeira, Carlos Liberdade, cobrou uma ação maior do Poder Público nesse processo de inclusão nas escolas e reclamou que faltou uma programação oficial por parte da Prefeitura em comemoração ao Dia Municipal. “Temos conquistas sim e a data reflete este sentimento, mas é preciso ir além. Se hoje temos leis que reconhecem a importância cultural da Capoeira, temos a certeza de que elas, muitas vezes, nunca saíram do papel e isso é lamentável”, frisou.
Já a presidente do Conselho Estadual da Igualdade Racial, jornalista Valdice Gomes, colocou o fórum à disposição dos capoeiristas para o amplo debate das necessidades. “Podemos realizar rodas de discussão das questões pontuais, assim como estamos fazendo com os indígenas, com ampla participação dos secretários do governo estadual. Esta é, com certeza, uma forma de obtermos compromissos e garantias de que políticas públicas vão ser efetivadas”, disse.
Tanto a vereadora Micheline Toledo, de Viçosa, quanto Maria Eliane, de Capela, se comprometeram a apresentar nas câmaras de seus municípios, projetos de lei que também vão instituir o Dia Municipal da Capoeira e do Capoeirista. “Assumo aqui este compromisso, pois a data é fundamental para se reconhecer e fortalecer a cultura da Copeira, enquanto ação efetiva de resgate social”, destacou a parlamentar de Viçosa.
PLANO DE EDUCAÇÃO – Antes de encerrar a audiência pública, a vereador Tereza Nelma lembrou que Maceió vive um momento de discussão do seu Plano Municipal de Educação, por isso, ela cobrou uma mobilização dos diferentes grupos visando a apresentação de uma emenda ao PME para a inclusão da Capoeira como atividade das escolas da rede municipal. “Até o final deste mês, a proposta de Plano estará sendo encaminhada à Casa e aí, termos a oportunidade de melhorá-la através de emendas. Não podemos perder essa oportunidade. Vamos nos unir, formar um grupo de trabalho e apresentar o que queremos”, conclamou.