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Ex-ministro José Dirceu fica em silêncio na CPI da Petrobras

CPI da Petrobras está em Curitiba para ouvir investigados da Lava Jato.

O ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu decidiu permanecer em silêncio nesta segunda-feira (31) e não responder a nenhuma pergunta dos parlamentares da CPI da Petrobras, que estão em Curitiba para ouvir presos da Operação Lava Jato.

Dirceu foi detido durante a 17ª fase da Operação Lava Jato e foi o primeiro a ser ouvido no auditório da Justiça Federal. “Seguindo orientação do meu advogado, vou permanecer em silêncio”, afirmou aos parlamentares, a cada pergunta feita. Ele foi questionado pela CPI ao lado do advogado Roberto Podval durante 20 minutos. Em seguida, foi liberado.

Dirceu é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF), o responsável pela instituição do esquema bilionário de fraude, corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na Petrobras. O advogado do ex-ministro afirma que o petista é um “bode expiatório” da operação e que a prisão dele tem “justificativa política”.

Entre as perguntas feitas a Dirceu, os deputados questionaram se ele fará delação premiada e se ele seria o líder de um esquema de corrupção na estatal. A resposta foi a mesma a todas as questões.

A comitiva de deputados deve ficar na capital paranaense até quinta-feira (3) para, além de ouvir os presos, fazer acareações entre eles. As sessões serão realizadas às 9h.

Também serão ouvidos nesta segunda Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras; Otávio Marques de Azevedo e Elton Negrão de Azevedo, executivos da Andrade Gutierrez; e João Antônio Bernardi, funcionário da empresa Saipem.

Esta é segunda vez que os parlamentares vão à capital do Paraná para ouvir investigados que estão detidos na cidade. A primeira vez foi em maio.

José Dirceu foi o primeiro a ser ouvido pela CPI da Petrobras que está em Curitiba (Foto: Giuliano Gomes/ PRPRESS)
17ª fase

Deflagrada no dia 3 de agosto, esta etapa da Lava Jato foi batizada de “Pixuleco” porque, segundo a Polícia Federal (PF), era o termo usado pelo ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto, preso na fase anterior da operação, para falar sobre propina.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a PF, Dirceu participou da instituição do esquema de corrupção da Petrobras quando ainda estava na chefia da Casa Civil, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ex-ministro “repetiu o esquema do mensalão”, conforme  o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima. “Não é à toa que o ministro do Supremo disse que o DNA é o mesmo. Nós temos o DNA, realmente, de compra de apoio parlamentar – pelo Banco do Brasil, no caso do mensalão, como na Petrobras, no caso da Lava Jato.”

Dirceu foi “instituidor e beneficiário do esquema da Petrobras”, mesmo durante e após o julgamento do mensalão, conforme o procurador.

O irmão do ex-ministro também foi preso na 17ª fase da operação. Ele foi solto dias depois por determinação da Justiça, já que sua prisão era temporária (com prazo de cinco dias). Já a prisão de Dirceu é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado.  Ele está preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.

Evolução do patrimônio
Um laudo da Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, e o irmão dele, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, tiveram uma evolução de patrimônio incompatível com os ganhos que declararam à Receita Federal. O documento cita depósitos e registro de lucro da empresa sem comprovação da origem do dinheiro.

Por meio de nota, a defesa do Dirceu informou que “ainda não avaliou o laudo, porém reitera que, de acordo com a quebra dos sigilos fiscal e bancário em março, todas as receitas da JDA [a empresa do ex-ministro] haviam sido declaradas à Receita Federal e que a evolução patrimonial dos sócios sempre foi condizente com os resultados financeiros da empresa de consultoria.”