Atendimento médico e prevenção da dengue, hanseníase e tuberculose dividem responsabilidade entre poder público e população.
As doenças consideradas negligenciadas pelo poder público foram alvo de um debate iniciado na manhã desta quinta-feira (10) na Câmara Municipal de Maceió. A situação é considerada calamitosa pela vereadora Heloísa Helena (PSOL) e pela Comissão de Saúde chama a atenção porque envolve enfermidades que podem ser prevenidas como a dengue, esquistossomose, hanseníase, tuberculose e a febre chincungunha.
De acordo com a vereadora, enfrentar as constantes irresponsabilidades do setor público se torna maior desafio para que a cidade elimine a ocorrência dessas doenças ou as mantenha sob controle. “É o setor público que nega infraestrutura, saneamento, habitação e que promove esse aumento nas estatísticas de maneira que todas elas possuem uma forma de combate e uma cura. É inaceitável isso”, pondera Heloísa.
Boa parte dessas doenças são ocasionadas por agentes infecciosos ou por parasitas, por isso, profissionais da saúde foram convocados a discutir o problema e apontar possíveis soluções. Segundo o infectologista Celso Tavares, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), todas as doenças são conhecidas pela ciência e de fácil combate. “Agora eu pergunto, como doenças de fácil combate continuam a levar tantas pessoas atualmente até uma UTI, gerando despesas para as famílias e para o estado?”, argumenta.
A resposta, ainda na opinião do infectologista, é que deve haver uma ação permanente tanto por parte do poder público como da sociedade civil que na maioria das vezes é informada, mas ignora os riscos e continua a cometer os mesmos erros. “Como disse a vereadora é inaceitável, casos de infestação do aedes aegypti em torno de 16% somente na Ponta Verde, depois de 29 anos. A população tem uma parcela danada nisso apesar de pagar os impostos e exigir o combate. Os mosquitos estão dentro das nossas casas em 90% dos casos”, aponta.
Dados do Sistema de Informação Ambulatorial (SAI/SUS) também foram fornecidos durante o debate para robustecer a necessidade de um maior controle e prevenção dessas doenças. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, por exemplo, entre janeiro a junho de 2015, 2.450 casos de dengue foram notificados somente na capital alagoana. “Se formos observar a maioria destas doenças são consideradas ‘doenças de pobres’, pois justamente prejudica os mais desfavorecidos, os que são mais vulneráveis socialmente, e alvo constante de casos de morbilidade”, ressalta Heloísa Helena. “Essa é a primeira vez que o problema é debatido aqui na Câmara”, complementa.
Apesar da gravidade, a audiência pública não contou com a participação massiva de outros vereadores. Ao final do debate um documento com recomendações será fornecido aos gestores municipais e também estaduais.