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Febre nos EUA, crédito a juros de ‘pai pra filho’ ganha consumidor brasileiro

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Gustavo Stramon (de xadrez), em reunião com o time de marketing na Biva

Juros mais justos no cartão de crédito e nos empréstimos pessoais já são possíveis no Brasil, mas será preciso olhar além do universo de bancos e financeiras, que batem recordes nos lucros anualmente. A nova fonte de crédito pode estar na internet, com dispositivos focados em segurança, comodidade e praticidade.

Muito comum nos Estados Unidos e na Europa a venda de crédito online (empréstimos) pode ser encontrada em diversas modalidades: de pessoa para pessoa (peer to peer), por meio de um grupo de pequenos investidores (que buscam capital de grandes por fundos), ou por meio de um cartão de crédito com juros pela metade do encontrado no mercado e totalmente gerenciado por uma aplicativo de celular.

Em comum, essas novas formas de crédito têm alguns pontos, como os juros bem abaixo do mercado tradicional, gerenciamento totalmente online, a utilização de informações do perfil de crédito de empresas como Serasa e SPC, e ainda o desenvolvimento de ferramentas próprias de análise dos riscos. O ponto de dificuldade pode ser o nível de exigência, superior ao das empresas que fazem consignados e emprestam para quem está negativado.

“É preciso ter um perfil de crédito bom. A gente não é para todo mundo. Atraímos pessoas que não querem de jeito nenhum pagar os juros habituais e que têm vida financeira saudável”, detalha Cristina Junqueira, sócia do Nubank Mastecard Platinum, que tem visto os números de clientes crescerem, em média, 50% ao mês, neste ano. A operação do cartão cujo o nome vem de “Nu de pelado, transparente, tirando a complexidade e os custos”, diz Cristina, começou em abril de 2014. Outro atrativo é que não cobram a anuidade.

A taxa de juros média, em agosto, foi de 7,14% ao mês (128,78% ao ano), segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

A startup não divulga números de clientes e cartões emitidos, mas Cristina afirma que cerca de 500 mil pessoas no País já pediram o Nubank. “Dentro desse número temos gente em lista de espera, aprovados e não aprovados. Fizemos uma capitalização com um fundo neste ano e nosso crescimento é sustentado, com base na análise que fazemos. Quando um cliente indica alguém pode ser mais fácil conseguir [a aprovação], mas não é só por indicação que aceitamos”, explica.

Para obter o cartão, que não cobra anuidade, o consumidor tem de ir ao portal da empresa e preencher o pedido. As únicas exigências são possuir um smartphone (para rodar o app) e ser maior de 18 anos. A resposta leva dois dias úteis para ser enviada ao consumidor. Segundo a empresa, cerca de 80% dos nossos clientes têm menos de 35 anos, gostam de tecnologia e querem transparência nas transações. Os limites de crédito (dentro do que permite o perfil de cada um), datas de pagamento, gastos e boletos são totalmente gerenciados pelo smartphone.

A plataforma de empréstimos online Geru também tem visto seu número de clientes crescer em um ano de crédito escasso e juros em trajetória de alta. “Nossa premissa é de fazer um crédito de juros baixos, prazo longo, para quem tem um bom perfil de crédito. É um momento interessante, com as restrições crescendo nas formas convencionais e a procura pelo nosso serviço aumentando muito também”, conta Sandro Reiss, sócio-fundador da Geru.

ssim como no Nubank, os juros cobrados pelo empréstimo de cada cliente dependem do risco do perfil. “Sem medo de errar estamos oferecendo as menores taxas do mercado e isso tem nos dado uma demanda grande de pessoas físicas que pegam o crédito para empreender, para abrir um negócio. O acesso ao crédito às pequenas empresas no Brasil é muito restrito e as exigências de formalidades nos bancos de varejo são restritivas e burocráticas. Por isso, temos uma parcela relevante desse público.”

O pedido de recursos também é feito totalmente pela internet, mas o capital vem de um parceiro bancário, o Andbank. “Independente das diferenças das plataformas que estão surgindo, o interessante desse tipo de alternativa é a possibilidade de o cliente simular e descobrir qual a melhor condição. A liberdade de escolha é super facilitada. Sem contar que não é preciso sair em horário de trabalho para assinar contratos, ou algo assim. Pode pesquisar, procurar muito e descobrir quais as melhores condições e fazer tudo pelo computador.” Todas as empresas tem em seus termos de contrato a confidencialidade das informações bancárias e sistemas de segurança gerenciados em tempo real.

Já a Biva é uma plataforma focada em empréstimos online para empreendedores e pessoa jurídica. A empresa opera desde abril e já apoia 33 projetos, com 500 empreendedores cadastrados com pedidos e mais de R$ 450 mil originados para negócios transformadores e ideias desruptivas. “A meta é chegarmos ao final do ano com 200 operações. As recomendações de cliente para cliente nos leva a ter uma grande procura, inclusive de pessoas físicas. Por isso, em algum momento de 2016, devemos ampliar nosso nicho para esse público também”, explica Gustavo Stramon, líder do time de marketing.

Biva é a sigla para Bancando Ideias Valores e Ações e é colaborativo. No modelo de negócio é feita a análise de crédito e investidores parceiros escolhem que projeto apoiar e concedem os recursos. “O investidor recebe um retorno de 20% ao ano e tiramos os bancos das intermediações. Temos uma instituição financeira parceira apenas para fazer as transações de recursos de forma segura”, explica Stramon

 Segundos as três empresas consultadas, as taxas de inadimplência dos clientes é baixa, e fica dentro do esperado. Outro ponto atrativo é o atendimento, feito 60% em chats, seguidos por e-mails e menos de 10% pelo telefone. “Investimos muito no atendimento e não temos qualquer reclamação sobre esse departamento. É claro que precisamos investir em profissionais diferenciados, que falam outros idiomas, escrevem muito bem. Mas vale a pena, pela demanda e retorno dos clientes”, conta Junqueira, do Nubank.