Acusação e defesa de Luiz Pedro citam Hitler e Escobar durante julgamento

Personagens históricos foram utilizados por ambos os lados para exemplificar o comportamento do ex-deputado.

João Urtiga/Alagoas24horasLuiz Pedro se comportou de forma irônica ao ser fotografado

Luiz Pedro ironizou ao ser fotografado no segundo dia do júri

Citando figuras como comandante do Terceiro Reich, Adolf Hitler, na Alemanha nazista, e o narcotraficante mais conhecido do mundo, o colombiano Pablo Escobar, promotoria e defesa do caso Luiz Pedro buscaram na manhã desta quinta-feira (24) exemplos históricos para ampliar a culpabilidade ou provar a inocência diante do júri do ex-deputado acusado de matar o pedreiro Carlos Robertos dos Santos, em 2004.

Com um auditório lotado de correligionários e moradores dos conjuntos mantidos por Luiz Pedro, o discurso da acusação realizado pelo promotor Carlos Davi, durante a segunda fase do julgamento, comparou o ex-deputado com a influência temerosa exercida por Escobar durante a década de 70, na Colômbia, quando ele expandia seus domínios como traficante ao comprar conjuntos, doar casas e escolas aos pobres, mas cobrava na mesma medida o apoio político. Hitler, sob o mesmo exemplo, foi citado pela capacidade de manter uma nação refém do seu autoritarismo.

“Nem o nazismo foi tão cruel, pois naquele regime havia uma suposta lógica para o extermínio de inocentes. Na milícia comandada por Luiz Pedro, não, matava-se por qualquer motivo”, declarou o promotor.

Entre as provas levantadas pelo Ministério Público, está o fato do corpo de Carlos Roberto ter desaparecido no Instituto Médico Legal (IML), assim como acontecia com as vítimas de Escobar e Hitler. “Como um corpo some do IML? É claro que ele foi retirado de lá”, destaca o mesmo promotor.

Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler (Foto: Divulgação)
Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler (Foto: Divulgação)

Para rebater as declarações, e utilizando o mesmo recurso da promotoria, a defesa realizada pelo advogado José Fragoso também recorreu a figuras históricas como Hitler, mas, dessa vez, para isentar seu cliente. “O poder da mídia é tão grande que se amplia situações. Quanto mais sensacionalista ela for, mais ela será lida”, avalia o advogado, que citou  Joseph Goebbels,  ministro da propaganda nazista: “Uma mentira repetida mil vezes se torna uma verdade”.

Outra acusação que pesa sobre o ex-deputado é de que ele compraria votos ao doar casas às pessoas mais desfavorecidas, mesma situação comparada ao mítico caso do narcotraficante Pablo Escobar. “Ainda vive-se em Alagoas como era na época do coronelismo. O ex-deputado insiste em ser um senhor feudal, que domina vassalos em troca de favores”, disse o promotor que foi acompanhado pelo seu assistente, o advogado João Uchoa: “Tal qual o traficante colombiano Pablo Escobar, que dava proteção e alguns benefícios para as comunidades mantidas por ele, Luiz Pedro também é adepto. Mas, o que essas pessoas pobres não entendem é que elas sempre serão reféns dele”, disse.

Pablo Escobar atuou na Colômbia na década de 70 (Foto: Reprodução)
Pablo Escobar atuou na Colômbia na década de 70 (Foto: Reprodução)

Novamente, a defesa em seu discurso, buscou desconstruir a imagem de coronelismo ao colocar Luiz Pedro como vítima de uma armação montada contra um “homem humilde que venceu na vida”, mas que sofre perseguição. “Ele é alvo por conta da liderança que tem e o bem que fez para essa população. Sim, ele é um homem rude, de pouca instrução, mas não é um bandido”, ressalta Fragoso.

A fase de debates do julgamento deve se estender ainda pelo restante do dia. Ambos os lados, acusação e defesa, devem se revezar em réplicas e tréplicas das situações apresentadas. A expectativa é que o julgamento seja finalizado até o final da tarde. Quem preside o julgamento é o juiz John Silas, titular da 8ª Vara Criminal.

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