Senador foi preso na semana passada pela PF na Operação Lava Jato. Presidente da legenda disse que senador 'traiu a confiança do PT'.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, marcou para a próxima sexta-feira (4) reunião extraordinária da Comissão Executiva Nacional que deverá definir o futuro do senador Delcídio do Amaral (MS) no partido. A reunião ocorrerá na sede do PT, em São Paulo, e a informação foi divulgada em um artigo publicado por Rui no site da sigla.
Delcídio foi preso no último dia 25 pela Polícia Federal em um hotel de Brasília suspeito de tentar interferir no andamento das investigações da Operação Lava Jato.
Segundo gravações enviadas pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal, o senador tentou convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a não fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público por meio de pagamento mensal de R$ 50 mil.
No artigo divulgado no site do PT, intitulado “O combate ao oportunismo e ao comportamento antipartidário”, Falcão explica que a lgenda discutirá quais medidas serão adotadas em razão das “violações éticas que o senador Delcídio do Amaral cometeu e que se comprovam por uma gravação cuja autenticidade foi reconhecida por ele mesmo.”
“Trata-se de um julgamento político, pautado pelo nosso Estatuto e Código de Ética, visto que, do ponto de vista penal, incumbe ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal (STF) dar seguimento ao inquérito e posterior denúncia, assegurados ao senador o devido processo legal e a ampla defesa”, escreveu o presidente.
No mesmo dia em que Delcídio foi detido pela Polícia Federal, Rui Falcão divulgou nota na qual afirmou que os fatos que levaram o senador à prisão não têm relação com o PT e que, por isso, o partido não se vê obrigado a qualquer “gesto de solidariedade” ao parlamentar.
No artigo desta segunda-feira, o presidente do PT afirmou que há “controvérsias” sobre se o STF poderia ordenar a prisão de um senador sem que estivesse configurado o flagrante de um crime inafiançável.
‘Tema complexo’
Para Falcão, a situação política de Delcídio é um “tema complexo” e o que interessa ao PT é “separar o joio do trigo”. Na avaliação do petista, “é inquestionável que o senador Delcídio traiu a confiança do PT e do governo Dilma” – ele ocupava até a semana passada o cargo de líder do governo no Senado.
“Todos sabemos que há uma seletividade nas investigações da Lava Jato, como também são nítidas as manobras para criminalizar o PT como instituição. Também é verdade que o Judiciário não trata com o mesmo rigor filiados de partidos de centro e da direita, haja vista a morosidade e parcialidade nos casos do mensalão do PSDB e do trensalão em São Paulo”, escreveu Rui.
“Nada disso, contudo, exime o senador do delito de usar seu cargo em benefício próprio, com prejuízos para o PT, o governo e o próprio país, sobretudo ao cogitar o suborno e a fuga de um criminoso que estaria colaborando com a Justiça”, completou.