“Há 10 anos, desde que os homens votaram pela primeira vez, nós esperamos essa oportunidade”, disse Fawzia al-Harbi, candidata na eleição. Ela fez campanha acompanhada de vários homens e vestida com a tradicional vestimenta preta que cobre todo o corpo, só deixando os olhos à mostra.
País conhecido por aplicar de maneira rigorosa as leis islâmicas, a Arábia Saudita é o único país do mundo a proibir as mulheres de dirigir. Elas também são obrigadas a ter um “tutor masculino”, seja o marido, pai ou irmão, que deve autorizá-las a viajar, trabalhar ou realizar determinadas consultas médicas.
Ainda sob o regime do Rei Abdallah, sucedido pelo rei Salman, a monarquia saudita deu início a uma série de reformas para promover uma evolução dos direitos das mulheres. No entanto, as regras continuam limitadas e monitoradas pelos religiosos conservadores e submetidas ao ultraconservadorismo da sociedade saudita.
Em 2011, após o anúncio do rei Abdallah de que as mulheres seriam autorizadas a votar e se candidatar nas eleições deste ano, o grande mufti, maior autoridade religiosa do país, afirmou que a decisão de permitir às mulheres participar da vida política seria como “abrir as portas ao diabo”.
Pouco menos de mil candidatas
Na votação deste sábado, os sauditas poderão eleger dois terços dos membros dos conselhos municipais. Nas eleições anteriores, em 2005 e 2011, as mulheres foram excluídas e os eleitores definiram apenas a metade dos conselheiros. No entanto, os partidos políticos continuam proibidos e muitas candidaturas foram rejeitadas.
De um total de 20 milhões de habitantes, apenas 1,74 milhão de homens e 130 mil mulheres se inscreveram nas listas eleitorais para votar. Do total de 7 mil candidatos, apenas 978 são mulheres.