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“Esse é um momento de mobilização para o controle do mosquito”, alerta pediatra

Gestantes precisam ter cuidado redobrado para se proteger contra o mosquito, principalmente nos três primeiros meses de gravidez, quando acontece a formação do bebê (Foto: Carla Cleto)

A relação da microcefalia com o zika vírus já é uma realidade. Em consequência do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, há casos de recém-nascidos com má-formação do cérebro, o que pode trazer limitações ao desenvolvimento da criança. Conforme orienta a pediatra Syrlene Medeiros, coordenadora estadual da Rede Cegonha, “quem não engravidou até agora, aguarde, espere passar esse momento de maior risco”.

Quanto às gestantes, os cuidados que essas mulheres precisam ter são os mesmos da população de uma forma geral: proteger-se do mosquito e, principalmente, controlar o foco do Aedes aegypti. “A gente só vai ter casos de dengue, febre chikungunya e zika vírus se tiver o mosquito transmissor. Então, qualquer situação que possa vir a ser um criadouro para esse mosquito deve ser combatida”, alerta Medeiros.

Essas ações de combate ao mosquito têm que partir de todos, complementa a pediatra. “O Estado precisa fazer sua parte de uma forma macro, mas as pessoas também precisam exercer o seu papel, dentro do seu território”, pontuou Syrlene Medeiros. No caso das gestantes, o cuidado deve ser durante todo o período de gravidez e não só nos três primeiros meses, quando acontece a formação do bebê.

Essa observação deve continuar após os três primeiros meses, porque ainda não se tem conhecimento sobre outra consequência após esse período de gestação. Portanto, de acordo com Syrlene, a gestante deve evitar locais com incidência de mosquito; ter o cuidado de proteção em casa, a exemplo do uso de tela; e apenas usar repelente prescrito pelo profissional de saúde a partir de uma situação cuidadosa.

“O ideal é que a gestante tenha um acompanhamento no pré-natal”, afirma a pediatra. Isso porque se a gestante for diagnosticada com zika vírus ou o bebê, pelo exame de ultrassom, tiver suspeita de microcefalia, não tem nada a se fazer às pressas para resolver esse problema. “A criança vai nascer, ser avaliada e, a partir daí, vai ser tomar as condutas necessárias para o seu desenvolvimento”, esclareceu Syrlene Medeiros.

Grupo técnico

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) instituiu um grupo técnico formado por profissionais da Vigilância em Saúde e Assistência à Saúde para acompanhar o que está sendo determinado pelos protocolos nacionais e discutir como será feito o protocolo para o Estado de Alagoas. Antes de tudo, “esse é um momento de mobilização para o controle do foco do mosquito”, insiste a pediatra.

Quanto ao fluxo, segundo a pediatra, quando o bebê com suspeita de microcefalia nascer, ele vai passar por uma observação e uma avaliação neurológica para saber se realmente tem ou não microcefalia. Persistindo a suspeita, o bebê vai passar por exames sorológicos para confirmar presença do zika vírus, toxoplasmose, citomegalovírus.

“Uma série de infecções congênitas que passam da mãe para o bebê podem causar microcefalia, assim como o uso de algumas substâncias pela mãe, a exemplo de pesticidas e de drogas”, lembrou Syrlene Medeiros. Então, segundo a pediatra, essa avaliação do bebê precisa ser mais completa, porque são muitas as situações que causam a microcefalia, e não apenas o zika vírus.