A testemunha-chave do caso que investiga a chacina cometida no bairro de Guaxuma, uma criança de 5 anos que sobreviveu aos golpes de foice aplicados contra a cabeça, foi acompanhada por uma psicóloga antes de reconhecer o acusado Daniel Galdino Dias.
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Durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (14), na sede da Polícia Civil, em Jacarecica, a psicóloga Aline Damasceno revelou detalhes do trabalho realizado para que a vítima pudesse reconhecer o assassino dos pais e irmãos.
De acordo com a psicóloga, a preocupação maior era que o garoto apresentasse algum problema cognitivo que pudesse atrapalhar no reconhecimento e assim frustrasse os investigadores na hora de descobrir o autor do crime. “Eu trabalhei inicialmente com ele no sentido de preparar o emocional contando estórias como o ‘lobo mau e os três porquinhos’, de modo que ele se sentisse mais seguro”, diz a profissional.
Os delegados José Carlos dos Santos e Antônio Henrique, que realizaram investigação, foram apresentados para o pequeno como “anjos” que iriam ajudá-lo a descobrir quem cometeu a barbaridade. Assim, a polícia inicialmente fez o trabalho de reconhecimento por fotos e, por último, o reconhecimento pessoal.
“Quando eu mostrei a foto de várias pessoas, inclusive de pessoas conhecidas, a criança pegou as fotos do Daniel e, em um gesto de retração, em posição fetal, disse que ‘foi ele que matou meus pais, meus irmãos e me matou’”, disse a psicóloga.
A avaliação foi refeita por sete vezes ao longo de diversas semanas até que os investigadores tivessem a certeza da autoria de Daniel. “Inclusive o garoto detalhou todo o momento. Ele disse que Daniel foi à sua casa para falar com seu pai e que ele chamou o pai para ‘passear’. Depois narrou o momento em que Daniel retornou, matou a mãe e os irmãos antes de golpeá-lo”, disse o delegado Antônio Henrique.
Daniel Galdino Dias está preso há 10 dias. Em sua defesa, segundo a polícia, o acusado contou diversas versões, mas não assumiu o crime. O motivo para os homicídios em série teria sido a negociação de um barco entre o pai da vítima e um irmão do algoz.