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Norte, Nordeste e Centro-oeste estão no topo da incidência de câncer de colo do útero no Brasil

Ilustração

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Considerado o quarto tipo de câncer que mais causa morte entre as mulheres no Brasil, a doença, que continua em crescimento de acordo com o levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e que deve chegar a 16 mil novos casos no próximo ano, é mais predominante nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, seguindo em terceiro lugar nas expectativas de novos casos de cânceres em mulheres, atrás apenas do de mama e colorretal. O INCA mostra também que o Norte lidera o ranking da incidência, somando 24 novos casos, seguido pela região Centro-Oeste com 21 e o Nordeste com 19 casos para cada 100 mil habitantes.

A oncologista e presidente Grupo EVA – Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, Angélica Nogueira, atribui esse cenário a dois fatores: infecções persistentes causadas pelo HPV (papilomavírus), transmitido normalmente por meio de relações sexuais, e a falta de adesão à realização do exame preventivo de Papanicolau, que possibilita a detecção precoce da doença e aumenta significativamente as chances de um bom resultado terapêutico e até mesmo da cura.

No Brasil, mais da metade das pacientes com câncer de colo de útero são diagnosticadas com a enfermidade localmente avançada. Neste estágio, as chances de sobrevida e qualidade de tratamento eram muito baixas. Diante desse cenário, Anvisa aprovou recentemente a utilização de um medicamento biológico já utilizado em outros países, o bevacizumabe, como a primeira terapia-alvo oferecida para o tratamento do câncer de colo do útero e o primeiro avanço para tratar a doença em seu estágio mais grave nos últimos dez anos.

O bevacizumabe demonstrou um aumento de sobrevida global de 30% e redução de 26% no risco de morte das mulheres com câncer de colo de útero metastático. “Essa terapia abre novas perspectivas para pacientes e com possibilidades de tratamentos muito restritas, oferecendo maior sobrevida sem comprometer a sua qualidade de vida”, afirma Dra. Angélica, especialista em tumores ginecológicos.

A oncologista acrescenta que os tratamentos mais comuns são a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia, e que a escolha da terapia ideal dependerá do estágio da doença, tamanho do tumor e condições clínicas da paciente. “É importante enfatizar também que o Papanicolau é a principal forma de identificar as lesões pré-cancerígenas e, caso o diagnóstico do câncer de colo do útero seja descoberto, estará em estágio inicial, período em que o tratamento é mais efetivo”, finaliza.

Caso Real: lidando com a doença em seu estágio mais grave

A psicóloga Julia Baeta iniciou seu tratamento com 59 anos, no início de 2013, quando teve diagnóstico de câncer de colo do útero localmente avançado e presença de células tumorais no fígado. O tratamento com três intervenções cirúrgicas – uma no útero e duas no fígado – e os ciclos de medicação não desanimaram a paciente.

Ela prosseguiu com todas as orientações médicas até que, no começo de 2014, recebeu a notícia de remissão da doença. “Eu persisti e hoje tenho de volta minha rotina com muito mais qualidade de vida do que antes do diagnóstico”, avalia.