— Vou para a rua algumas vezes a cada mês. Trabalhei em quase todas as grandes tragédias que aconteceram no estado, como o deslizamento da encosta do Morro do Bumba, em 2010, e o desastre climático na Região Serrana, em 2011. Esta última foi a mais marcante, uma experiência muito triste. Mas o agradecimento dos moradores compensou — conta a moça, moradora de Copacabana, Zona Sul do Rio.
Para ela, o sucesso nas redes sociais pode ser explicado pela admiração das pessoas por seu ofício, mas admite que seu charme e o fato de ser uma mulher numa corporação com predominância masculina também têm uma parcela de culpa.
— As mulheres combatentes despertam a admiração das pessoas. Acho que não estão acostumadas a nos ver nessa posição. Quando vou combater incêndios, por exemplo, tem gente que fica surpresa. Acham que só exercemos funções administrativas, internas. Quando a bombeira é bonita, então, causa mais estranheza ainda — afirma.
E quanto ao assédio nas ruas?
— Existe, sim. Não podemos esconder. Mas o fato de ser militar ajuda a inibir as cantadas. Os homens ficam mais intimidados — admite a capitã, que está solteira.
Apaixonada pelo carnaval, Flávia tem mais de 2.400 seguidores no Instagram
A tenente Flávia Lyra, de 28 anos, também faz sucesso no Instagram, onde tem mais de 2.400 seguidores. Moradora de Inhaúma, Zona Norte do Rio, trabalha no mesmo quartel que Patrícia. Entre fotos de viagens e no serviço, há muitas outras que revelam sua outra paixão, além da profissão: o fisiculturismo.
— Competi pela primeira vez na categoria Wellness – voltada para mulheres com pernas grossas e cintura fina, padrão de beleza das brasileiras – há alguns meses. Tive pouco tempo de preparação, mas malhei bastante e consegui vencer as outras cinco candidatas e ficar em primeiro lugar — relembra a bombeira, confessando que é bastante rigorosa com a malhação — treino todos os dias, apesar de ter escorregado um pouco no Natal, e sigo uma dieta radical.
A preocupação com o corpo tem também outro motivo: no carnaval, Flávia vai desfilar pela Imperatriz Leopoldinense. A paixão pela folia é antiga. No currículo, a moça conta com desfiles no Salgueiro e na Acadêmicos do Engenho da Rainha. Nesta última, foi musa de bateria em 2009. Porém, desde que entrou para a corporação, teve de deixar o samba um pouco de lado.
Flávia entrou para o Corpo de Bombeiros em 2010, influenciada pelo pai, tio e irmão, todos militares. Concluiu os estudos no Colégio Militar do Rio de Janeiro, localizada no Maracanã, Zona Norte do Rio, o que também foi determinante para a escolha da carreira.
— Sempre sonhei em ser militar. Escolhi o Corpo de Bombeiros pela possibilidade de seguir a minha paixão, o militarismo, e pela beleza da profissão, que considero excepcional — revela.
Assim como Patrícia, também já fez trabalhos como modelo. Não seguiu na carreira, faz apenas alguns trabalhos pontuais, mas a beleza não passa despercebida no dia a dia, nem mesmo sob o uniforme cáqui.
— Bombeiras bonitas chamam atenção. Parece que não conseguem associar trabalho pesado a mulheres belas. Na verdade, só o fato de ser mulher e bombeira já deixa as pessoas surpresas, pois há bem menos combatentes do sexo feminino na corporação. O fato de eu comandar as equipes e ser responsável por algumas operações causa ainda mais estranheza — diz a tenente, que está no Corpo de Bombeiros desde 2010.
Para a tristeza dos marmanjos, o coração de Flávia já está ocupado. Conheceu o noivo, também bombeiro, assim que entrou na corporação. Hoje, trabalham no mesmo quartel, mas garante que o amado não é ciumento.
Recém-formada, Yasmim acredita que faltam mulheres na corporação
Yasmim Bantim é a mais nova das três: tem 21 anos e formou-se em dezembro no Curso de Formação de Oficiais do CBMERJ, cuja duração é de três anos. Como aspirante, ainda não serve em nenhum quartel – ainda está em fase de instrução, fazendo um rodízio entre diversas áreas da corporação.
Junto com o namorado, que também é bombeiro, a jovem mantém uma conta no Instagram em que dão dicas fitness para os seguidores. A boa forma e a beleza de Yasmim chamam atenção.
— Faço atividades físicas cinco vezes por semana e sigo uma dieta restrita, mas saudável. Não tenho muita neura com comida. Quando dá vontade, como, mas com equilíbrio — afirma a aspirante, que já desfilou como modelo.
Moradora de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, ela conta que cantadas são comuns em sua rotina, mas destaca que nunca lhe faltaram com respeito. Para ela, a ideia de que bombeiras não podem ser bonitas não tem cabimento.
— Apesar de sermos militares, nos preocupamos com nossa beleza, com a parte estética. Existem muitas bombeiras vaidosas — diz.
Quanto ao reduzido número de mulheres no Corpo de Bombeiros em comparação com o de homens, Yasmim diz que elas poderiam acrescentar muito à corporação.
— Precisamos de mais mulheres. Somos mais organizadas, atenciosas, e essas qualidades fazem falta no dia a dia. O trabalho de bombeiro exige bastante condicionamento físico, mas também um pouco de feminilidade — defende.