Governo da Bahia lança aplicativo contra Aedes Aegypti; saiba como funciona

A guerra ao mosquito Aedes aegypti ganhou mais uma arma esta semana. Um mapa virtual da Bahia começou a ganhar novas informações e agora dá para saber onde há focos do inseto em todo o estado e também visualizar as denúncias. Tudo isso dentro do aplicativo para smartphone Caça Mosquito, lançado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) anteontem.

Qualquer pessoa que tem um smartphone com sistema operacional Android pode baixar o dispositivo gratuitamente – a versão para iOS ainda não tem data para ser lançada. Depois de baixar, o usuário pode fazer a foto do local onde há o foco de larvas ou do mosquito, escrever uma descrição e enviar ao governo.

Área atrás do antigo clube do Baneb, no Costa Azul, é apontada por vizinhos como criadouro de mosquitos
(Foto: Almiro Lopes/Correio)

Depois, a foto já fica disponível na lista de publicações e entra, automaticamente, no mapa do estado. Uma das primeiras usuárias foi a  engenheira Luciana Barreto, 33 anos. Na frente do prédio onde mora, no fim da Rua Patativas, no Imbuí, há um prédio já pronto, mas sem moradores. A piscina, cheia de água verde, virou criadouro.

“Já denunciei em vários lugares. Falei para todos os moradores aqui do prédio denunciarem no aplicativo. Queremos apenas que tratem a água. Estamos com medo”, lamenta ela, que, junto com o marido, teve zika no mês passado.

Além de visualizar a lista com todas as publicações, em cada uma delas é possível “apoiar” (algo como “curtir” nas redes sociais), compartilhar no Facebook e denunciar como conteúdo impróprio. No mapa, dá para ver as marcações dos locais onde há denúncia em todo o estado.

App oferece opções ao usuário
Uma delas é tirar foto de local 

Para usar o aplicativo, é necessário estar com o GPS do aparelho ativado, já que a ferramenta usa o serviço de localização para identificar de onde está sendo publicada a foto e também para montar o mapa de calor. Assim, dá para determinar o número de denúncias de infestação e estabelecer ações para atuar em determinada área.

“O aplicativo cria um volume de informações tremendo. Todo mundo hoje em dia tem um smartphone. Fazendo fotos e mandando para o nosso servidor, vamos ter condições de criar um mapa termal. A partir de um determinado tempo, você vai clicar lá no bairro de Sussuarana, por exemplo, e ver, nos últimos 30 dias, a curva de crescimento ou declínio do inseto”, explicou Fábio Vilas-Boas,  secretário da Saúde do estado.

Após foto, basta incluir endereço
 Registros indicam onde há focos

Referência
O aplicativo não teve custos extras para o estado, porque foi desenvolvido em parceria entre os técnicos da Sesab e da Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia (Prodeb). “É uma versão inicial. Estamos trabalhando com uma versão aprimorada, que vai ter uma série de funcionalidades a mais”, contou.

Apesar do pouco tempo de lançamento, o app já deve ser exportado para outros estados. “Vários secretários de outros estados já me ligaram pedindo o aplicativo e nós vamos ceder”, garantiu Vilas-Boas.

Na noite de ontem, o CORREIO solicitou à Sesab um balanço do aplicativo, mas a pasta preferiu não divulgar.

“Como o aplicativo foi disponibilizado ontem (anteontem), o número de downloads e registros é incipiente”, diz a nota, que anunciou ainda uma campanha publicitária a fim de ampliar o número de usuários e “assim criar massa crítica” para o dispositivo.

O Ministério da Saúde informou ao CORREIO que também está desenvolvendo um aplicativo de vigilância participativa semelhante ao desenvolvido pelo governo baiano, mas não deu detalhes sobre o projeto.

Mais um
Dentro da Secretaria da Saúde do Município (SMS) também está sendo desenvolvido um aplicativo para mapear os locais de infestação do Aedes aegypti.

O Mosquito Zero ainda não está disponível porque aguarda o repasse de recursos do Ministério da Saúde, para ser disponibilizado, segundo o responsável pelo projeto, Alex Sandro Correia.

Gerente em pesquisa do Núcleo de Tecnologia da Informação da SMS, ele explica o diferencial do seu app, que tem funcionalidades semelhantes ao disponibilizado pela Sesab.

“Além disso (possibilidade de enviar denúncias com fotos e comentários), a gente pede uma classificação da área. Se o foco é na rua, dentro de casa, em um terreno baldio. Após isso, tratamos os dados e passamos para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ)”, explicou.

A previsão é que, depois da liberação dos recursos, o app seja disponibilizado após 90 dias. Mas soteropolitanos já contam com outro canal para fazer denúncias de foco de mosquito.

Trata-se de uma central telefônica, lançada no último dia 22. O call center recebeu, até ontem, 212 ligações e faz parte das ações da Operação Verão do CCZ.

Segundo a coordenadora do Programa Municipal de Combate à Dengue, Isabel Guimarães, por meio desse canal é possível até agendar a visita de um  agente de endemias.

“As pessoas que trabalham o dia todo podem ligar para fazer o agendamento da visita. Agentes vão trabalhar em horários especiais, inclusive à noite”, citou.

A central funciona no telefone 3202-1808, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. As ações incluem ainda a aplicação nos locais infectados de um inseticida, semelhante ao fumacê, levados pelos agentes em um dispositivo portátil.

Prefeitura fará ação preventiva até no Carnaval
Pelo fato de o Verão ser o período mais crítico para reprodução do Aedes aegypti, a prefeitura vai adotar uma série de medidas como precaução contra a proliferação do mosquito que transmite a dengue, zika e chikungunya.

Entre as ações da chamada Operação Verão, há atuação nos locais de festas populares, incluindo o Carnaval.

“Vamos fazer inspeção e borrifação antes e depois das festas, para diminuir a infestação dos mosquitos contaminados”, explicou.

A ação também está acontecendo em emergências de hospitais públicos e privados da capital, para evitar que mosquitos piquem pessoas que já estão doentes e retransmitam o vírus.

O último índice de infestação divulgado pela prefeitura, em outubro, revelou uma redução do Índice de Infestação Predial (IIP) de 2,8%, em julho, para 1,5%.

O próximo índice deve ser apresentado este mês. O Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) é divulgado a cada três meses.

Crescimento de casos antes do verão preocupa
Após registrar queda em agosto, o número de casos de dengue voltou a subir às vésperas do Verão.

O aumento foi identificado em todas as regiões do país e aponta também para o crescimento da população de Aedes em todo o Brasil – um indicativo de que os riscos para as outras doenças transmitidas pelo vetor, zika e chikungunya, também são altos.

Até a primeira semana de dezembro, haviam sido notificadas 1.587.080 infecções por dengue, 123.304 a mais do que o verificado até a última semana de setembro. “Todos os anos, o país registra aumento de casos no período das chuvas, no Verão.

Mas, em 2015, o fenômeno aconteceu de forma antecipada”, afirmou João Bosco Siqueira Júnior, pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), à Agência Estado. A tendência de elevação acontece a partir de dezembro e janeiro.

Em 2015, o aumento começou em outubro e novembro. No Nordeste, o aumento da incidência no período saltou de 18,6 para 23,8 casos para cada 100 mil habitantes.

Fonte: Correio24horas

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