Duas estudantes com deficiência visual procuraram o promotor de justiça, Flávio Costa, nesta quarta-feira, 20, para formular denúncia contra a direção do Centro Educacional de Jovens e Adultos Paulo Freire, que funciona na Rua do Sol, Centro de Maceió. A denúncia é de omissão, discriminação, descaso e falta de inclusão escolar para pessoas portadoras de deficiência.
Antes do encontro com o promotor de justiça, as estudantes, Miriam Peixoto e Maria Rosa Marques de Almeida, que estavam acompanhadas pelo presidente da Associação dos Cegos de Alagoas (Acal), Roberto Freire de Araújo, conversaram com a equipe do Alagoas24Horas e se mostraram indignadas com a falta de assistência por parte da escola.
Mirian Peixoto contou que possui ausência total de visão e passou a frequentar a unidade escolar há mais de um ano. Desde que se matriculou não recebe o apoio necessário da direção da escola. “Eu conto com a ajuda dos colegas ou professores, que se sensibilizam com minha situação. As provas não são em braile e não tenho cópia do material para levar para a casa. Estudar lá é uma forma de sobreviver dia a dia. O estopim foi a prova de matemática aplicada ontem (19). A prova tinha figuras geométricas e mapas, mas nada disso estava em braile ou em alto-relevo. Então, pedi ajuda a monitora, que alegou que só poderia fornecer com a autorização da diretora. Ela não autorizou e ainda disse, com grosseria, que não tem a obrigação de me ajudar e se eu quisesse apoio pegasse o teste e fosse fazer a prova na Escola Estadual de Cegos Cyro Accioly. Para isso, a prova tinha ser enviada lacrada pela escola, que não foi o caso. Me neguei a fazer a prova e fui embora”, contou a estudante.
Outra estudante, Maria Rosa, disse que possui baixa visão e precisa que as provas sejam em tamanho ampliado, mas a escola se nega a fornecer o material em conformidade com a deficiência da aluna. Cansadas das situações constrangedoras pelas quais passam, as estudantes procuraram a Associação dos Cegos de Alagoas para buscar orientação e resolveram denunciar o caso ao Ministério Público Estadual.
O presidente da Acal informou ao Alagoas 24 Horas que tentou resolver a situação com a própria escola, mas foi recebido de forma indelicada pela direção. “A diretora disse que não ia fazer nada e não tomaria nenhuma providência, pois não tinha obrigação com elas. Este é um caso grave de discriminação. A deficiência das estudantes vem sendo ignorada há muito tempo. No mundo de hoje ainda acontecer situação deste tipo é um retrocesso. Agora a intenção é formalizar junto ao procurador-geral do estado uma denúncia”, relatou.
A equipe do Alagoas 24 Horas tentou contato por telefone com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), mas não obteve êxito.