Outras medidas paliativas estão sendo discutidas com o Ministério Público
Quinze corpos de indigentes e de pessoas identificadas, mas que não foram reclamados pelas famílias, serão enterrados em Arapiraca nesta sexta-feira (22). A declaração foi do diretor do IML de Maceió, Fernando Marcelo, durante audiência na sede das Promotorias, no Barro Duro. A transferência acontece após a denúncia feita pelo Instituto, após constatar a existência de corpos expostos, covas rasas irregulares e falta de vagas para enterrar indigentes no Cemitério Divina Pastora, em Rio Novo, o diretor do IML.
De acordo com o diretor do órgão, o sepultamento de corpos em Arapiraca é uma medida paliativa, conseguida junto ao Estado e ao município de Arapiraca, já que não há mais vagas no cemitério.
“Nossa capacidade hoje, até que o novo prédio seja entregue, é de uma geladeira, que comporta doze corpos. Há dias em quem chegamos a colocar 27, mesmo sabendo que não é uma medida ideal. Nós seguramos os corpos lá por 30 dias e após isso temos que enterrar, caso não seja identificado ou não sejam reclamados pelas famílias. E aí começa o problema porque os cemitérios estão lotados. A situação é caótica, a ponto de ter animais devorando os corpos. Estamos nos reunindo hoje para encontrar uma solução”, disse o diretor.
Fernando Marcelo disse ainda que sabe que o Cemitério São José não tem o perfil de receber indigentes, mas diante do estrangulamento do Divina Pastora, ele seria uma das possibilidades de solução imediata.
O superintendente da SMCCU, Reinaldo Braga, também presente na reunião, ressaltou que o problema vem se arrastando há mais de 40 anos e entrou em colapso agora, com a superlotação. De acordo com Braga, a situação é ainda mais grave porque o cemitério também recebe corpos de pessoas de outros municípios.
“Precisamos unir Estado e município para tentar encontrar uma solução. O município de Maceió não tem obrigação e nem condições de receber, além dos corpos de Maceió, corpos de pessoas de outros municípios. Não temos condições financeiras e nem área para construir um cemitério novo agora. E mesmo assim nãos seria uma solução imediata, até conseguir todas as licenças, cumprir legislação estadual e federal, um novo cemitério só passaria a funcionar daqui a três anos em média”, explicou Braga, ressaltando que a reunião busca encontrar uma solução paliativa para o problema do Cemitério Divina Pastora.
O promotor Flávio Costa, em entrevista à imprensa, informou que o Ministério Público vai esperar a proposta da prefeitura e tentar buscar uma solução. “De fato, do jeito que está não tem como ficar. Fomos provocados pelo IML e vamos fiscalizar para que nada seja feito fora da lei”, disse o promotor.