Com a disparada do dólar em 2015, os gastos de brasileiros no exterior caíram 32% no ano, para US$ 17,35 bilhões – o menor valor para um ano fechado desde 2010, segundo dados divulgados nesta terça-feira (26) pelo Banco Central. Em 2014, os brasileiros haviam deixado lá fora US$ 25,56 bilhões.
O dólar mais alto encarece as passagens e os hotéis cotados em moeda estrangeira, além dos produtos comprados lá fora. A valorização da moeda norte-americana também aumenta os gastos com cartões de crédito e débito no exterior – que sofrem a incidência, ainda, do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) de 6,38%.
Ao mesmo tempo, outros fatores também têm diminuído a renda das famílias, como a recessão na economia, a alta da inflação e de tributos. O nível de endividamento das famílias segue elevado no começo deste ano. Além disso, os juros bancários estão em níveis historicamente altos.
“Houve um recuo de despesas com viagens em 2015. Aí, claro, o dólar impacta de uma forma direta [esse resultado]. É uma das contas que tem resposta mais rápida e mais significativa às variações da moeda estrangeira. Mas, também, a renda do brasileiro crescendo menos impacta as viagens ao exterior”, avaliou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel. Ele acredita que os gastos de brasileiros no exterior continuarão caindo em 2016.
Histórico de gastos
Até 1994, quando foi criado o Plano Real para conter a hiperinflação no país, os gastos de brasileiros no exterior não tinham atingido a barreira dos US$ 2 bilhões (pela série histórica antiga). Mas, naquele ano, quando o real foi ao equiparado ao dólar, as despesas somaram US$ 2,23 bilhões. Entre 1996 e 1998, elas oscilaram entre US$ 4 bilhões e US$ 5,7 bilhões.
Com a maxidesvalorização cambial de 1999 e o dólar ultrapassando R$ 3 em um primeiro momento, as despesas lá fora também ficaram mais caras. O gasto voltou a recuar e ficou, naquele ano, próximo de US$ 3 bilhões.
Despesas de estrangeiros no Brasil
Apesar de o Brasil ser um país mais barato para os estrangeiros, com a alta do dólar, os números do Banco Central mostram que isso não foi suficiente para gerar um aumento de despesas de não residentes no país.
No ano passado, eles deixaram US$ 5,84 bilhões na economia brasileira, com queda de 14,5% frente ao ano de 2014 (US$ 6,84 bilhões). Também foi o menor valor, para um ano fechado, desde 2010 – quando os gastos de estrangeiros no Brasil somaram US$ 5,26 bilhões.
Segundo Tulio Maciel, do Banco Central, apesar da queda registrada em todo ano passado, houve um aumento das despesas de estrangeiros no Brasil de 10% em dezembro de 2015, na comparação com o mesmo mês de 2014, o que pode indicar uma entrada maior de estrangeiros por conta da alta do dólar.
“Com essa mudança de câmbio, visitar o país fica mais atrativo. É de se esperar que tenha um fluxo melhor de estrangeiros [em 2016]”, disse ele.