Estudos estão sendo feitos no deserto do Atacama, no Peru.
Perdido em Marte e seu protagonista, o astronauta Mark Watney, já haviam nos avisado: plantar batatas no planeta vermelho é algo a ser explorado. Parece que a Nasa concorda. O novo projeto da agência espacial americana é justamente enterrar 100 diferentes tipos de batata no deserto do Atacama, para que um dia possamos ter uma horta marciana.
O projeto é uma parceria da Nasa com o Centro Internacional das Batatas (CIP) – uma organização localizada em Lima, Peru, que tem como objetivo catalogar e estudar o alimento, visando utilizá-lo para diminuir a fome no planeta. Entre os mais de 4.500 tipos de batata registrados pelo CIP, foram selecionadas 100, sendo 40 delas nativas da Cordilheira dos Andes, onde acredita-se que foram plantadas as primeiras mudas do alimento, há 2.500 anos.
As experiências ocorrerão em uma região do deserto chamada de Pampas de La Joya, e o local não foi escolhido atoa “Marte e Joya têm níveis baixíssimos de microrganismos e materiais orgânicos, enquanto possuem altos quantidades de elementos químicos oxidantes. São ambientes muito parecidos”, afirma Julio Valdivia-Silva, biólogo espacial do Instituto Nacional para Pesquisa e Treinamento em Telecomunicações do Peru à revista americana Scientific American.
O experimento será dividido em três etapas. Na primeira delas, que já está ocorrendo desde janeiro, os cientistas tentaram plantar no deserto as batatas modificadas geneticamente para serem resistentes a vírus, sobreviverem à ambientes extremamente secos e até alagamentos. São mais de 90 quilos plantados. Na segunda fase, os alimentos serão congelados – a ideia é ver se as batatas conseguiriam resistir à viagem interplanetária (que pode durar 9 meses). Na terceira etapa será testado o plantio dentro de CubeSets, pequenos satélites que conseguem armazenar objetos em seu interior.
O plano é que a Nasa construa um centro de estudos em território peruano. “A imagem de estudantes construindo hortas e se comunicando virtualmente com laboratórios na Califórnia, Lima e Dubai é algo extremamente animador para o futuro da exploração planetária e astrobiologia. O projeto de estabelecer comunidades em Marte, fará com que estabeleçam comunidades na Terra”,afirma Melissa Guzman, astrobiolóloga da Nasa. “Os esforços extraordinários dos envolvidos elevaram o nível das discussões sobre plantações extraterrestres. A ideia de produzir comida para colônias humanas no espaço pode ser realidade em pouco tempo”, diz Chris McKay, biólogo da agência espacial.