Ranking do Datasus revela que Alagoas está 15º lugar no seleto grupo de 48 centros do país especializados em iodoterapia. Em Alagoas, a Santa Casa de Maceió é o único hospital a disponibilizar a iodoterapia, que inclui o complexo manuseio de radiofármacos, manutenção de uma equipe especializada e um quarto terapêutico blindado e humanizado para manter o paciente em isolamento e com conforto durante cada sessão.
A unidade Diagnósticos Santa Casa, pioneira em Alagoas no uso da iodoterapia, também é a única a disponibilizar o chamado quarto terapêutico para os usuários do Sistema Único de Saúde, particulares ou conveniados.
“O iodo radioativo funciona como forma de prevenção. Muitas vezes, a glândula tireóide é retirada, mas podem ficar restos de tecido tireoideano ou mesmo de células cancerosas que não puderam ser abordadas na cirurgia”, explica o médico nuclear Marcelo Farias junto com o seu colega, o também médico nuclear André Gustavo Pino.
Iodoterapia e câncer
Estima-se que 60% da população brasileira apresente nódulos na tireóide em algum momento da vida. Felizmente, apenas 5% dos nódulos detectados são malignos, conforme estimativa da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Deste total, 85% dos pacientes, com diagnóstico confirmado da doença em estágio inicial, alcançam a cura após o tratamento.
A iodoterapia utiliza iodo radioativo em pacientes que tiveram câncer de tireóide e foram submetidos à retirada cirúrgica da glândula. Sendo um radiofármaco, o paciente deve permanecer internado, em isolamento, por até 48 horas, até que o elemento radioativo seja eliminado pela urina e pelas fezes.
O quarto terapêutico foi construído e funciona seguindo as normas do Comissão Nacional de Energia Nuclear.
O quarto terapêutico possui paredes blindadas com concreto especial, porta de chumbo, piso impermeável, dois leitos, televisor, wc exclusivo e decoração humanizada.
O concreto e o chumbo, utilizados na estrutura do quarto, evitam que o radiofármaco seja irradiado a terceiros. “Antigamente, a medicina permitia que o paciente recebesse o tratamento em casa. O problema é que o elemento radioativo é nocivo para crianças e gestantes, daí a necessidade de isolamento”, explicou o médico nuclear Marcelo Farias.
Implantado pelo médico Duílio Marsíglia, pioneiro da Medicina nuclear na Santa Casa de Maceió, o quarto terapêutico recebeu em 2011 mais de 130 pacientes, já que a unidade possui capacidade para realizar uma média de quatro tratamentos por semana.
Com dois leitos, o quarto terapêutico pode ser ocupado por duas pessoas do mesmo sexo simultaneamente ou apenas um paciente de cada sexo por vez. A unidade é supervisionada pelo físico e especialista em Medicina Nuclear, Arnos da Silva, que representa a instituição perante o Comissão Nacional de Energia Nuclear.