Ré respondeu ao interrogatório do promotor de Justiça Flávio Gomes e por várias vezes entrou em contradição com fatos narrados para a polícia e imprensa.
A acusada intelectual do assassinato da jovem Amanda Celeste da Conceição, ocorrido em 2011, Vanessa Ingrid da Luz Souza confirmou que era amiga da vítima, mas negou qualquer envolvimento com o crime. As informações foram fornecidas durante o julgamento realizado na tarde desta quarta-feira (16), no 3º Salão do Tribunal do Júri do Fórum da Capital, no Barro Duro.
Na presença do promotor de Justiça, Flávio Gomes, Vanessa Ingrid admitiu ser amiga de Amanda, mas disse que não tinha interesse na morte da jovem, nem muito menos tinha discutido com a vítima por causa de um traficante chamado “Ninho”.
A ré falou também que recebia uma pensão dos pais e que trabalhava como garota de programa em São Paulo. Ainda em depoimento, Vanessa Ingrid disse conhecer o outro acusado, Orlando Francisco Cavalcante, e atribuiu a autoria do crime a uma terceira pessoa, identificada apenas como Carla Daniella, a Dani.
“Eu conheci o Orlando, mas só encontrava com ele de vez em quando. Acredito que nem ele saiba quem é a Amanda. Não fui eu, o crime ocorreu em 2011 e desde então nunca tive problema, morava próximo da casa da Amanda e só agora que vieram atrás de mim. Na época, as pessoas falavam que tinha sido a Dani”, disse a ré quando foi questionada pelo promotor.
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Em alguns momentos do interrogatório, a ré se mostrou irritada. O ápice foi o momento em que o promotor Flávio Gomes questionou a ausência de Vanessa Ingrid no enterro da própria amiga. “Outras pessoas também não foram. Estava longe, no bairro de Santo Amaro, em Maceió, e não pude ir ao enterro no Trapiche”, disse em tom rude.
A versão apresentada por Vanessa Ingrid na tarde de hoje, no entanto, difere da entrevista dada ao Alagoas 24 Horas no dia 19/02/2013 logo quando foi presa e indiciada pelo crime. Na ocasião, a então acusada alegou que viajou a São Paulo um dia após saber da morte da amiga e, novamente, irritada com a pergunta devolveu à reportagem: “Tenho família em São Paulo. Eu não posso ir a São Paulo?”
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Depois de ser ouvida, o próximo na lista a ser interrogado é Orlando Cavalcante, acusado de ser o autor material do crime. O julgamento segue durante toda a noite de hoje e é presidido pelo juiz Helestron Silva Costa, titular da 7ª Vara Criminal.
Durante o julgamento, o advogado de defesa, Raimundo Palmeira, alegou que Vanessa Ingrid está sendo acusada de envolvimento na morte de Amanda Celeste por ter sido condenada pelo crime de homicídio envolvendo a também jovem Francielle Rocha, morta carbonizada em 14 de fevereiro de 2013.
“Este processo da Amanda Celeste ficou parado por muito tempo e só veio a tona após Vanessa Ingrid cair em desgraça após a morte da segunda jovem. Queremos mostrar que faltam elementos suficientes para sua condenação. A defesa acredita na absolvição, mas teme que ela seja condenada pela estigmatização por conta do outro crime”, disse o advogado, Raimundo Palmeira.