Familiares dos garotos Josivaldo Ferreira, 16 anos e Josenildo Ferreira, 18 anos, mortos em suposto confronto com a Polícia Militar, no conjunto Village Campestre, no bairro Cidade Universitária, procuraram a imprensa nesta segunda-feira, 28, para denunciar que a versão apresentada pela polícia é inverídica. Segundo familiares e conhecidos das vítimas, os dois sofriam de transtornos mentais e faziam tratamento na Pestalozzi.
Conforme relato de moradores à Rádio Pajuçara FM, os rapazes são conhecidos na região e nunca se envolveram em crimes ou confusão. “Se você visse os dois não acreditaria que eles teriam a capacidade de utilizar aquele tipo de armamento. Como dois jovens com autismo, que nunca deram trabalho a ninguém, de uma hora para outra iriam andar armados?”, questiona o morador, que não se identificou.
Os moradores também questionam a morte do pedreiro Reinaldo da Silva Ferreira, 46 anos, que teria sido atingido por uma bala perdida, durante o tiroteio resultante da abordagem acima citada. Testemunhas teriam dito que ele foi morto por um dos policiais que participou da ação. “Ninguém está acreditando na história dos policiais. Uma pessoa viu quando o policial atirou pelas costas dele. Agora estão dizendo que ele estava envolvido com o tráfico. Nós queremos justiça”, ressaltou a rádio.
Uma reunião entre os familiares e o secretário de Segurança do Estado, coronel Lima Junior, foi agendada para esta terça-feira às 9h30. A assessoria de comunicação da pasta informou que o encontro não será aberto à imprensa.
Versão da Polícia
O caso ocorreu no conjunto Village Campestre, após a Guarnição ter recebido denúncia anônima dando conta que havia dois jovens, em atitude suspeita, em um ponto de ônibus. No relatório da Polícia Militar consta que quando os “acusados perceberam a presença da viatura, efetuaram disparos de arma de fogo contra a guarnição, onde dois policiais foram atingidos. A guarnição revidou, vindo a atingir os indivíduos, que foram socorridos ao Hospital Geral do Estado”.
No relatório consta ainda que os rapazes foram submetidos à intervenção cirúrgica e morreram na unidade hospitalar. Com eles a polícia teria apreendido uma pistola calibre 380, um carregador calibre 380, 09 cartuchos de mesmo calibre e uma espingarda calibre 36 de fabricação caseira.
Sobre a morte de Reinaldo, ainda há desencontro de informações. Informações apuradas no local davam conta que o pedreiro, residente no local, estava passeando com o cão quando foi atingido por uma bala perdida. Já o relatório da PM, traz a informação de que Reinaldo teria reagido à prisão e entrado em confronto com as guarnições da Força Tática 01 e 02 do 5º Batalhão. Ele teria sido atingido por um projétil de arma de fogo no tórax e morrido no local.