Moradoras da periferia de Merced, na Califórnia, as irmãs Kate e Darcy mantêm uma plantação no quintal de casa e se dedicam a produzir e comercializar medicamentos à base de canabidiol, que promete aliviar dores e minimizar sintomas de Parkinson.
Elas se vestem com hábitos de freira, mas não pertencem a nenhuma religião tradicional. As irmãs norte-americanas Kate e Darcy vivem na Califórnia uma vida bastante distinta para os padrões católicos. No quintal da casa onde moram, na periferia de Merced, elas cultivam uma pequena plantação de maconha e ali mesmo produzem medicamentos à base de cannabis.
O extrato de maconha produzido por elas é rico em canabidiol (CDB), substância conhecida por suas qualidades medicinais e totalmente livre de THC, componente responsável pelos efeitos psicoativos da droga. Além de infusões de óleos, elas fabricam pomadas e capazes de aliviar enxaqueca, náusea, dores de ouvido, ressaca e inclusive ajudar pacientes de Parkinson. E é nessa produção que se encontra a prática espiritual das “Sisters of the Valley” (“Irmãs do Valley”): “Nós não perdemos tempo ajoelhadas, mas a produção do nosso medicamento é um momento de oração”, justificam em seu site.
A vestimenta, segundo elas, é apenas um uniforme para que possam ser identificadas com mais facilidade. “Nós nunca escondemos o fato de que não somos freiras católicas, nós somos uma irmandade da Nova Era”, explicam.
Mas enquanto para muitos o trabalho das duas é visto como algo fantástico, para elas trata-se de um enorme desafio, principalmente financeiro. Apesar de a maconha ser legalizada para fins medicinais na Califórnia, as duas acabam de perder a única loja virtual através da qual ainda conseguiam comercializar seus produtos. Depois de nove meses, o Etsy, portal de compra e venda de produtos feitos em casa e à mão, tirou do ar a lojinha mantida pelas irmãs. O bloqueio aconteceu dias depois de o FDA, órgão que administra a produção e comercialização de alimentos e remédios nos EUA, determinar que este tipo de atividade deve se restringir à indústria farmacêutica.
Por conta disso, elas criaram um programa de arrecadação de fundos no site GoFundMe, onde pretendem conseguir US$ 10 mil em doações. A ideia é que possam criar seu próprio e-commerce e produzir em larga escala, transformando o cultivo de maconha em “uma indústria de cura” com a ajuda de cada vez mais mulheres. “Precisamos continuar nossas operações de servir as pessoas com nossos remédios naturais”, contam. “Nossos produtos não são psicotrópicos, você não vai ficar chapado com eles. Somos ativistas dos benefícios que qualquer planta proporciona à saúde.”
Encantados com o trabalho da dupla, os fotógrafos Shaughn Crawford e John DuBois viajaram até Merced e retrataram o dia a dia das duas na plantação. O projeto foi publicado há poucos dias no site dos artistas, assim como compartilhado nas redes sociais, e mostra detalhes dos processos de cultivo e fabricação realizados por Kate e Darcy.