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Mortes no Village: depoimentos voltam a colocar em xeque versão da PM

A Perícia Oficial informou que o exame residuográfico não foi realizado por falta de solicitação da PC.

João Urtiga/Alagoas24horas

Marília, filha do pedreiro Reinaldo da Silva Ferreira, questiona condições da morte do seu pai

Depois do pedido de apuração rigorosa da família sobre a morte dos jovens Josenildo Ferreira Aleixo, de 16 anos, e Josivaldo Ferreira Aleixo, de 18 anos, ao secretário de Segurança Pública, coronel Lima Junior, a delegada Teila Nogueira, responsável pelo caso, deu início aos depoimentos de testemunhas e parentes das vítimas nesta quarta, 30.

Na manhã de hoje, a filha do pedreiro Reinaldo da Silva Ferreira, 46, também morto no episódio, disse que a família não ter dúvidas seu pai foi assassinado. Reinaldo havia voltado da casa de uma filha, que reside em Marechal, e ia buscar a bicicleta para trabalhar no dia seguinte quando foi alvejado com um tiro fatal no peito, tendo morte instantânea.

Para a família, Reinaldo morreu após presenciar a morte dos dois jovens, que eram portadores de doenças mentais. Na versão da polícia, os menores foram flagrados transportando armas de fogo e teriam reagido à abordagem policial.

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Ainda abalada, viúva também questiona versão da Polícia Militar

Ainda durante a entrevista ao Alagoas 24 horas, a jovem disse conhecer os meninos desde a infância e atestou a sua idoneidade, além de afirmar que só de olhar era possível perceber que eles eram portadores de necessidades especiais. Ontem, a família de Reinaldo não participou da audiência com o secretário de Segurança Pública porque estava sepultando seu pai no estado de Pernambuco.

A família dos menores, por sua vez, alega que as vítimas jamais se envolveram com ilícitos e apenas voltavam para casa após participar de um almoço na casa da madrinha. Os questionamentos quanto à ação policial também partem da família do pedreiro Reinaldo Ferreira, que na versão da PM teria sido morto com uma bala perdida, informação questionada pelos familiares que depuseram hoje no Complexo de Delegacias Especializadas da Polícia Civil.

A polícia judiciária ainda deverá enfrentar outras dificuldades para a conclusão da investigação. Não teria sido realizado o exame residuográfico nos meninos, acusados de portar uma pistola e uma espingarda de fabricação caseira. Também não foram encontradas cápsulas no local.

À imprensa não foi informada os procedimentos adotados contra os militares envolvidos na ação. Sabe-se, apenas, que eles deverão responder a processo na Corregedoria da corporação.

Exame residuográfico foi prejudicado

A assessoria de comunicação da Perícia Oficial do Estado confirmou que o exame residuográfico para detectar vestígios de pólvora nas mãos dos garotos mortos não foi realizado porque as vítimas foram encaminhadas ao Hospital Geral do Estado pelos próprios policiais, no dia da ocorrência. Assim, a Perícia só realizaria o procedimento com a solicitação da Polícia Civil, o que não ocorreu.

Outra esclarecimento da assessoria diz respeito à realização do exame. Segundo a Perícia, o procedimento precisa ser realizado em até 12 horas, no caso de pessoas que foram presas em flagrante e, em até 6 horas, no caso de pessoas que estejam em liberdade, ou cidadãos em óbito.

Como os corpos foram sepultados logo após o crime, ocorrido há cinco dias, não será possível realizar o exame, o que dificultará a investigação do caso.

Matéria atualizada às 15h34.