Vídeo: protesto contra projeto “Escola Livre” causa tumulto na ALE

Um grupo composto por estudantes universitários se envolveu em um tumulto durante a realização da sessão plenária que pretende apreciar o veto ao Projeto de Lei de autoria do deputado Ricardo Nezinho, que versa sobre a neutralidade do profissional de educação no que diz respeito à política, ideologias e religião. O protesto teve início, pouco depois do início da sessão, de forma pacífica. Policiais do Gabinete Militar que fazem a guarda da Assembleia Legislativa alegam que um grupo tentou entrar no prédio e, ao ser impedido, derrubou a grade que o cerca. 

Houve tumulto e um professor alegando que sofreu agressões por parte da PM. Uma equipe do Bope foi acionada para conter uma possível invasão e os ânimos dos manifestantes. Até o helicóptero da Segurança Pública foi visto sobrevoando o local.

Projeto Divide Opiniões na ALE

A ocupação da Praça Dom Pedro II, em frente ao prédio da Assembleia Legislativa começou por volta das 11 horas da manhã desta terça-feira, 26. Membros do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sintel) e Movimento Pró Família, ligado à igreja católica, se reuniram para pressionar os deputados acerca da apreciação do veto ao projeto “Escola Livre”, alvo de muita polêmica.

Enquanto o Movimento Pró Família se esforçava para pedir a aprovação do projeto, que se dará com a derrubada do veto do governador, professores e comunidade acadêmica tentam provar que o PL – que também vem sendo chamado de Lei da Mordaça – é uma forma de censurar os professores em sala de aula.

O Alagoas24horas ouviu representantes dos dois grupos para saber o quais ideias estão sendo defendidas. Para o Padre Cícero, que faz parte do Pró Família, defende que o projeto Escola Livre é uma forma de garantir que o conteúdo nas escolas seja mostrado com pluralidade. “Acompanho alunos que são vítimas de bullyings praticados por professores em sala de aula, só pelo fato de pensarem diferente. Esses garotos são coagidos a pensar segundo a mentalidade do professor e muitas vezes submetidos à trabalhos, que vão de encontro aos seus valores. Por isso sou a favor que o conteúdo seja mostrado com pluralidade e não com pensamento monobloco”, disse o Padre.

O arquiteto Ivson Padilha, do mesmo movimento, completa que estão  lutando pela igualdade de ideias. “Queremos que a história da sociedade seja contada em cima dos fatos e não somente em cima de opiniões e tendências”, disse.

Do lado oposto ao posicionamento católico, apoiado pelo Movimento Brasil, representantes do Siteal e estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) garantem que a proposta de neutralidade no ensino não existe. “Somo radicalmente contra porque  é uma forma de cercear a liberdade de ensinar. Nós educadores já somos desvalorizados, desprestigiados e agora com essa maldita lei estamos desautorizados a ministrar conteúdos. Nem no período da ditatura tínhamos  leis que proibissem os educadores de fazerem debates em sala de aula. Educar de forma neutra é mentira, é falácia. É lá no chão da escola que se constrói a pluralidade de ideias”, criticou a presidente do Sinteal, Consuelo Correia.

 “Essa lei é uma forma de patrulhar a atividade do professor em sala de aula. E o argumento é para desviar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos professores. Projeto semelhante foi proposto em outros estados, mas é inconstitucional. Aqui em Alagoas pode ser aprovado e barrado na justiça”, disse André Albuquerque, membro do Diretório Central dos Estudantes da Ufal.

Participação

Foram distribuídas 50 fichas para participação de 25 membros de cada grupo na sessão. Enquanto isso, do lado de fora do prédio centenas de pessoas acompanham a sessão através de um telão. O Sinteal montou uma tenda no local e promete desocupar o espaço apenas com o fim da sessão.