Os jogadores do São Paulo bradaram após passar da fase de grupos que a Libertadores seria um novo torneio a partir das oitavas de final. Na fria noite desta quinta-feira, diante do gabaritado Toluca, do México, o clube usou bem o Morumbi, que teve o maior público do país no ano (53.241 presentes) e fez valer as promessas ao disparar um merecido 4 a 0, sem ver o rival dar nem sequer um chute a gol até a metade do segundo tempo de partida.
Curiosamente, os gols saíram dos jogadores que menos agradaram a torcida neste primeiro semestre de 2016. O meia Michel Bastos, em processo de reconciliação com a torcida desde o ano passado, o volante Thiago Mendes, que havia se tornado reserva do agora lesionado João Schmidt, e principalmente Centurión, terceiro suplente do ataque, que anotou dois belos gols e até chorou ao celebrar o feito.
Com o resultado, o Tricolor conseguiu uma excelente vantagem para o duelo da volta, que será disputado na cidade de Toluca, na próxima quarta-feira, às 19h15 (de Brasília). Lá, os comandados de Edgardo Bauza poderão perder por até três gols de diferença que asseguram a sua presença nas quartas de final da Copa Libertadores da América.
Pior classificado entre os brasileiros que passaram da segunda fase (o Palmerias não conseguiu avançar), o time são-paulino mostrou um futebol muito superior ao de todos os seus compatriotas nas oitavas. O possível adversário sai do duelo entre Racing, da Argentina, e Atlético-MG, que empataram o primeiro jogo em Avellaneda. A volta será no estádio Independência, em Belo Horizonte.
Massacre tricolor
O primeiro tempo de partida reuniu um time que passou com facilidade no chamado “Grupo da Morte” e outro que sofreu para avançar em segundo numa chave com The Strongest-BOL e Trujillanos-VEN. Quem não acompanhou a fase de grupos e viu apenas a primeira parte do embate no Morumbi, não teria dúvidas em encaixar o São Paulo na primeira descrição e o irreconhecível Toluca na segunda.
Com posse de bola digna de Barcelona e encarando um adversário que mal conseguia trocar passes, o Tricolor sobrou nos 45 minutos iniciais. Michel Bastos, Kelvin, Thiago Mendes e Hudson sobraram na hora de apertar os rivais e praticamente não deixaram os avantes adversários tocarem na bola. Com espaço e tempo para pensar, Ganso pôde ditar o ritmo pelos lados e deu o tom de como seria a força ofensiva.
Dentre diversos aspectos que podem explicar a superioridade, alguns números se destacaram: 71% de posse de bola para os tricolores, 20 finalizações contra nenhuma dos mexicanos e 8 escanteios contra apenas um da equipe opositora. Somam-se a isso as duas bolas na trave de Kelvin, uma delas no travessão, e as diversas subidas com liberdade de Michel Bastos pela esquerda, quase sempre terminando em chutes perigosos.
Ainda que não tenha goleado como merecia, o São Paulo conseguiu abrir uma vantagem razoável para um confronto eliminatório. Aos 27 minutos, Bruno cobrou lateral no lado direito do ataque, a bola quicou dentro da área, ninguém da zaga mexicana afastou e o meia Michel Bastos pegou de primeira. A bola não saiu forte, mas acabou no canto direito do goleiro Talavera, que nem se mexeu. Os mexicanos reclamaram bastante da origem da jogada, dizendo que o lateral era do time visitante.
Quando a superioridade já era digna de goleada, o Tricolor conseguiu um merecido segundo tento. E dos pés mais improváveis. Centurión, escalado devido à suspensão de Calleri e ao mal-estar de Alan Kardec, único vaiado parcialmente pela torcida no anúncio da escalação. Já aos 45 minutos de bola rolando, o argentino dominou pela esquerda após ganhar jogada e, sem muito ângulo, pegou bem na bola e acertou o ângulo esquerdo, para explodir em festa o estádio do Morumbi.
Toque de bola e mais show
A etapa final reservou mais superioridade do São Paulo para quem esperava um time mais recuado. Logo aos sete minutos, Thiago Mendes aproveitou seu bom jogo, foi ao ataque e tabelou bonito com Ganso. Com rapidez que lembrou seu ótimo 2015, limpou com facilidade o zagueiro e, praticamente da marca do pênalti, só teve o trabalho de deslocar o goleiro Talavera e comemorar bastante seu tento.
Cueva, pelo lado dos mexicanos, tentou levar o seu time ao atauqe e até conseguiu tirar mais os mexicanos de trás, mas nada que mudasse a excelente performance dos comandados de Edgardo Bauza. Mesmo sem o mesmo ímpeto ofensivo e recuando a marcação, os anfitriões conseguiram a merecida goleada ainda antes da metade da segunda etapa.
Após cruzamento na área para Centurión, que pareceu incorporar Calleri na hora de brigar pela posse de bola, ganhou da defesa após a redonda quicar duas vezes dentro da grande área e conseguiu tirar do goleiro Talavera. A bola morreu no fundo do gol e praticamente selou a classificação da equipe às quartas de final.
FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO 4 X 0 TOLUCA-MEX
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 28 de abril de 2016, quinta-feira
Horário: 21h45 (de Brasília)
Árbitro: Jonathan Fuentes (Uruguai)
Assistentes: Miguel Nievas e Richard Trinidad (ambos do Uruguai)
Público: 53.241 presentes
Renda: R$ 2.646.286,00
Cartões amarelos: Bruno (São Paulo); Galindo (Toluca)
Cartão vermelho: Vega (Toluca)
GOLS:
SÃO PAULO: Michel Bastos, aos 27 minutos do primeiro tempo, Centurión, aos 45 do primeiro tempo e aos 16 do segundo tempo, Thiago Mendes, aos sete do segundo tempo
SÃO PAULO: Renan Ribeiro; Bruno, Rodrigo Caio, Maicon e Mena; Hudson, Thiago Mendes, Kelvin (Alan Kardec), Paulo Henrique Ganso (Lucas Fernandes) e Michel Bastos; Centurión (Wesley)
Técnico: Edgardo Bauza
TOLUCA-MEX: Talavera; Jordan Silva, Paulo da Silva, Galindo e Rojas (Perez); Ríos, Trejo, Velasco (Cueva) e Esquivel; Vega e Saucedo (Brambila)
Técnico: José Cardozo