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“A impunidade fomenta a violência”, diz desembargador sobre guerra das torcidas

TJ/AL

Desembargador Tutmés Airan

O desembargador Tutmés Airan comentou nesta segunda-feira, 9, as cenas lamentáveis de confronto entre as torcidas do CSA e CRB, que ganharam destaque na mídia nacional. O magistrado lembrou que a impunidade fomenta a violência de qualquer espécie e que os envolvidos na confusão deste domingo, 8, devem ser identificados, processados e punidos.

Em entrevista à Rádio Pajuçara FM, Tutmés Airan, ressaltou ainda que não há descontentamento possível que justifique o absurdo registrado na final do Campeonato Alagoano e sugeriu que os envolvidos respondam por lesão corporal ou até tentativa de homicídio. “O que aconteceu ontem é intolerável e atitudes como esta necessitam de atitudes mais duras”, concluiu.

Questionado sobre a possibilidade da extinção das torcidas, o magistrado disse que é uma questão complexa para avaliar. “Receio de fazer com que o justo pague pelo pecador.  Há pessoas de bem nas torcidas organizadas que pagam pelo comportamento negativo da minoria”, disse.

Tutmés reiterou que os envolvidos nas agressões de ontem serão processados criminalmente e a Justiça encontrará uma forma de impedir que tenham acesso aos estádios.

Já houve extinção

Confrontos como o ocorrido neste domingo de clássico, já ocorreram em várias ocasiões, em Alagoas. Em 2005, a pedido do Ministério Público Estadual, o juiz da 11ª Vara Cível da Capital, Jerônimo Roberto dos Santos, extinguiu, em caráter liminar, as torcidas do CSA e CRB. Na ocasião, os membros da Mancha Azul e Comando Vermelho ficaram proibidos de frequentarem os estádios e os dirigentes não puderam comercializar produtos das torcidas.

À época, a Mancha conseguiu reverter a decisão para continuar atuando e a Comando precisou mudar de nome: Comando Alvirrubro. O MPE tomou como base as decisões de extinguir torcidas em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com base nos casos de violência dentro e fora dos estádios que resultaram na morte de torcedores.

No ano passado, o próprio desembargador Tutmés Airan, determinou algumas medidas para que as torcidas pudessem voltar a frequentar os estádios de futebol em Alagoas. Tais medidas foram consensualmente definidas com líderes das organizadas em audiência, em abril de 2015.

Para liberar o funcionamento das sedes das organizadas, eles teriam que seguir as seguintes medidas de controle: a Federação Alagoana de Futebol deveria realizar o cadastro de integrantes das torcidas; Torcedores menores de idade só fariam parte das torcidas com autorizados dos pais; Que fosse criada uma comissão permanente de controle; E que houvesse revista íntima de torcedores em salas especiais do Rei Pelé.

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