O corpo do cantor Cauby Peixoto – que morreu na noite deste domingo, 15, em São Paulo, aos 85 anos – está sendo velado na manhã desta segunda-feira, 16, no salão nobre da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. A movimentação no local começou pouco depois das 8h com a chegada de um carro da funerária com a paramentação para o velório. O enterro está previsto para 16h30 no Cemitério Congonhas.
(Foto: Manuela Scarpa/Photo Rio News)
Angela Maria em choque
Um dos primeiros a chegar ao local foi Daniel D’Ângelo, marido da cantoira Angela Maria – amiga e parceira de longa data de Cauby.
“A Angela está muito triste, muito abalada, muito chocada. Protelei a notícia o máximo que consegui, mas vazou e eu tive de ligar, contar e pedir para ela ficar calma em casa.
São 67 anos de amizade da Angela com Cauby e comigo são 37. Eu dizia que ele era meu cunhado, porque Angela e ele são irmãos. Foi uma trajetória linda que vivemos.
Tentei evitar ao máximo dela visitar elenco hospital. Ele já apresentava uns probleminhas de saúde, mas dava para se cuidar em casa, aí se agravou e teve de ir pro hospital”, disse Daniel. Ainda segundo ele, a última vez que Angela e Cauby se viram foi no dia 3 de maio no teatro municipal do Rio de Janeiro.
Na madrugada desta segunda Daniel já havia conversado com o EGO e disse que a cantora recebeu a notícia com bastante tristeza e lágrimas. “Ela está em choque com a morte do Cauby. Na hora que ela ficou sabendo chorou muito e começou a gritar. Como eu estava no hospital ajudando a família do Cauby, tive que pedir pra minha mãe ir em casa cuidar da Angela. Não é fácil, os dois eram amigos há 67 anos”, disse ele.
Angela e Cauby estavam, inclusive, em turnê pelo país com o projeto “120 anos de música” – em comemoração aos 60 anos de carreira de cada um. No repertório, a dupla cantava sucessos como ‘Conceição’, ‘Babalu’ e ‘Gente humilde’.
Saúde debilitada
Cauby Peixoto morreu por volta das 23h50 da noite deste domingo, 15. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiore, no Itaim Bibi, em São Paulo, e a informação foi confirmada ao EGO pela assessoria de imprensa do cantor. “É verdade, infelizmente”, disse o responsável.
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, a morte do cantor foi causada por complicaçãoes decorrentes de uma pneumonia. Ele estava no centro médico desde o último dia 9.
Na página oficial de Cauby no Facebook, foi colocado um comunicado sobre a morte do músico: “Com muita dor e pesar informamos aos amigos e fãs que nosso ídolo Cauby Peixoto acaba de falecer as 23:50 do dia 15 de maio . Foi em paz e nos deixa com eterna saudades. Pra sempre Cauby!”.
de de Cauby Peixoto (Foto: Iwi Onodera/EGO)
Famosos lamentam
Nas redes sociais, várias celebridades lamentaram a morte de Cauby, entre elas Patrícia Pillar, Daniela Mercury e Maria Rita. “Os brilhos, os blazers, o cavalheirismo, o rosto desenhado, a doçura, o camarim, o gin, a Conceição, A VOZ! Que inspiração arrebatadora, que artista! Cauby, obrigado por ter sido tanto nas minhas escolhas. Vou te ver e ouvir pra sempre, cada vez mais! Que noite triste”, escreveu Patrícia.
Última entrevista
Na sexta-feira, 13, foi ao ar uma entrevista que Cauby concedeu ao “Vídeo Show”, na Globo. Durante a conversa, ele aparentava estar bem de saúde e relembrou a época em que as fãs rasgavam suas roupas. O programa também promoveu o encontro de Cauby com o cantor e Gabriel Diniz, que se inspira no estilo do artista.
Carreira de sucesso
Cauby Peixoto iniciou sua carreira na década de 1950. Gravou seu primeiro disco em 1951, mas começou mesmo a chamar a atenção quando conheceu Edson Collaço Veras, o Di Veras, em 1954. O empresário, que morreu em 2005, foi responsável pelo marketing da carreira do cantor e inventou noivados e histórias que fizessem com que ele não saísse das páginas dos jornais, além de bolar os trajes, o repertório e maneira de Cauby agir perante o público.
De acordo com o site oficial do cantor, foram 49 álbuns lançados e dezenas de sucessos, entre originais e reinterpretações, como “Conceição”, “Blue Gardênia”, “A pérola e o rubi”, “Tarde fria”, “Lábios que eu beijei”, “Solidão”, “A noiva”, “Molambo”, “É tão sublime o amor”, “Bastidores”, de Chico Buarque, e “New York, New York”, famosa na voz de Frank Sinatra.
Cauby também conquistou fama internacional. Em 1959 chegou a ser chamado de ‘Elvis Presley brasileiro’ pela revista “Time” e gravou um álbum em inglês, com nome artístico de Ron Coby. Sua música “Blue gardênia” foi tema do filme de Hollywood de igual título, que lhe abriu as portas para o estrelato. Ele também ficou conhecido na Itália, onde venceu, em 1970, o Festival de San Remo com a canção “Zíngara”.
Em 1964, abriu a famosa boate Drink, no Leme, em Copacabana, ao lado dos irmãos Moacyr, pianista; Arakén, trompetista; e Andyara, cantora; apresentando-se em seu palco por quatro anos.
83 anos do cantor, em 2014 (Foto: Manuela Scarpa
e Marcos Ribas/Brazil News)
Sua grande parceira de palco foi sua amiga Ângela Maria, com quem gravou três discos, “Ângela e Cauby”, “Ângela e Cauby ao vivo”, e “Reencontro”.
Em 1995, Cauby gravou pela Som Livre o CD “Cauby canta Sinatra” ao lado de grandes nomes da MPB como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Zizi Possi, e de uma estrela internacional, Dionne Warwick, interpretando clássicos da carreira do cantor norte americano.
Em 1980, Cauby grava o LP “Cauby! Cauby!”, em comemoração aos seus 25 anos de carreira. No disco, destaque para a gravação de “Bastidores”, de Chico Buarque e “Loucura”, de Joanna e Sarah Benchimol. A música título do disco foi composta especialmente para ele por Caetano Veloso e a partir de então, voltou a receber convites para se apresentar em palcos de maior prestígio.
Cauby, o mito
Ao completar 80 anos de vida e 60 de carreira, Cauby lançou seu último trabalho: um box comemorativo intitulado “Cauby, o Mito” com 3 CD’s, sendo um com músicas dos Beatles (“Caubeatles”) o segundo em conjunto com o violonista Ronaldo Rayol (“A Voz do Violão”” e o terceiro, “Cauby ao Vivo – 60 anos de música”, com registros de show captado nos dias 9 e 10 de abril/2011 ao lado de convidados como Ângela Maria, Fafá de Belém, Agnaldo Rayol, Emílio Santiago, Agnaldo Timoteo e Vânia Bastos.