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Músico Tunai se apresenta em Maceió

Assessoria

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Tunai é um dos maiores compositores brasileiros, entre todos. Fez e faz lindas canções, gravadas por ele e por intérpretes como Elis Regina, Fafá de Belém, Gal Costa, Nana Caymmi, Milton Nascimento. Músicas que se tornaram clássicas, integrando um felizmente vivo cancioneiro nacional que continua a prezar harmonia, letra e melodia. Graças a deus Tunai está vivo, assim como Gal, Fafá, Milton e João Bosco, o irmão dele, mais velho. A velha e boa música brasileira continua encantando o público, com gente nova no pedaço, Zeca Baleiro, Criolo, renovando-se e até ressurgindo em trilha de novela (“Velho Chico”). Perpetuando-se afinal entre decanos e jovens ouvintes. E Tunai, um dos grandes, apresenta-se em Maceió na quarta-feira (8), às 20h30, no gastrobar e restaurante Comedoria Gourmet.

Agradeçam aos céus, pois quarta-feira é dia de boa música nacional num espaço que já se consagrou entre os bons ouvintes (no sábado passado, dia 28, apresentou um lindo espetáculo de um totem local, a cantora Leureny Barbosa). Tunai apresentará o show “Eternamente”, em versão solo, com as músicas do CD gravado com banda e lançado em 2011, comemorando 30 anos de carreira, com releituras de sucessos como “As Aparências enganam”, gravada por Elis Regina em 1979, dando, como diz o próprio Tunai, “o pontapé inicial” nessa marca de composições que é uma parte da nossa história musical contemporânea.

“No início do show, eu canto ‘Sobrou pra mim” e “Sintonia”, e duas versões”, conta o compositor, cantor e instrumentista. “A música vem do mundo, tem essa influência universal e eu canto ‘O Pugilista’, uma versão de ‘The Boxer’ de Paul Simon, a letra feita por um amigo, João Sérgio – eu dei uma garibada –, e ‘Um Cara ciumento’, que é ‘Jealous Guy’ de John Lennon. Canto, também, ‘Olhos do Coração”, homenageando esses grandes músicos cegos, Ray Charles, Stevie Wonder e José Feliciano. Gal Costa cantou essa música no CD e especial de TV, ‘Baby Gal’. Mas a minha influência maior foi Elis.”

É com Elis (1945-1982), em 1979, que começa uma trajetória profissional que alavanca de vez a carreira de Tunai, formado em Engenharia e tendo começado a tocar e a cantar lá em Ponte Nova, cidade onde nasceu na região da zona da mata mineira. “Depois eu fui estudar fora, não em Belo Horizonte, mas em Ouro Preto. Ficava mais fácil, mais perto, a 65 km de Ponte Nova. Eu tinha 14 anos quando conheci Elis, eu a vi no Rio, no show ‘É Elis’, dirigido por Miéle e Ronaldo Bôscoli. No interior eu tinha um violão, minha irmã tocava violino, meu irmão, piano – venho de uma família musical. Em Ponte Nova há muitas fazendas, café, usinas. Havia um poder aquisitivo – vi Roberto Carlos lá, cantando ‘Splish Splash’, Ângela Maria, eu via muitos shows. O Mafra Filho tinha uma banda espetacular, era um ex-funcionário da Receita Federal, tocava sax, flauta, tinha uma moto Harley-Davidson, um smoking azul. Os músicos eram incríveis – outro era funcionário do Banco do Brasil, tinham várias profissões, a música era um hobby. Todos tinham mais de 40 anos, o Mafra já tinha 55, e o baixista acabou sendo transferido do Banco do Brasil para outra cidade. Isso foi em 1967, foi quando entrei na banda e passei a tocar nas domingueiras dançantes do Pontenovense Futebol Clube, um clube muito tradicional – havia outros, o Municipal, mas esse era o mais frequentado pelo pessoal, digamos, que pagava mais impostos.”

Desfilando no show muitas dessas pérolas gravadas por intérpretes consagrados (Simone, Gal, Ney Matogrosso), e pelo próprio Tunai a partir de 1980, o músico lembra “que não podia deixar de cantar” o sucesso “Frisson”, do disco “Em Cartaz” (1984), que foi trilha da novela “Suave Veneno”.

Essas histórias Tunai vai contando no show, tocando os violões que o acompanham na estrada e nos estúdios, um Gibson Chet Atkins, que já completou 35 anos, e outro velho companheiro, adquirido em 1985, um Washburn elétrico. Ele narra o encontro definitivo com Elis Regina, quando foi ao apartamento dela, junto com o parceiro Sérgio Natureza, “para mostrar duas canções”, mas afinal tocou dez composições, entre elas “As Aparências enganam”.

Diz ter “umas 45 músicas inéditas prontas”, mas que vai segurar um pouco o próximo CD. “Deixa passar essa crise do país, governo interino.” Vai continuar trabalhando com o álbum e show “Eternamente”, que afirma ainda não ter “superado”. Além disso, tem outro espetáculo, rodando também pelo país, em parceria com o virtuose tecladista Wagner Tiso. O show é “Saudades de Elis – As Aparências enganam”, com as canções de Tunai que a maior de todas as musas da MPB gravou e outras que foram imortalizadas, como diz músico, por “nove entre dez estrelas da MPB – Simone, Gal Costa, Fafá de Belém, Elba Ramalho, Ivete Sangalo, Nana Caymmi, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Emílio Santiago, entre outros”.