Patrimônio Cultural Brasileiro, a cidade de Penedo (AL) recebe, no próximo dia 28 de junho, o Montepio dos Artistas restaurado e aberto para a comunidade. A reabertura do espaço, viabilizada com recursos do PAC Cidades Históricas, acontecerá às 19h e contará com a presença da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, do diretor do PAC Cidades Históricas, Robson Antônio de Almeida, do superintendente do Iphan em Alagoas, Mário Aloísio Melo, e do prefeito da cidade, Március Beltrão.
A entrega faz parte da programação de iniciativas e eventos em comemoração aos 80 anos do Iphan – criado em 13 de janeiro de 1937 – e permitirá a retomada das atividades da Sociedade Montepio dos Artistas, que tem um trabalho social relevante em Penedo, oferecendo a cerca de 50 crianças e jovens aulas gratuitas de música.
Executada pelo Iphan em parceria com a Prefeitura de Penedo, a recuperação do imóvel recebeu o investimento de R$ 375 mil, destinado ao restauro de alvenarias, parte da cobertura, esquadrias, pisos e elementos artísticos; troca de forros, madeiramento, telhas e instalações elétricas e hidráulicas, além da demolição de banheiros construídos de maneira inapropriada na área de circulação e no pátio externo, sendo refeitos novos em local adequado.
A restauração do Montepio dos Artistas integra o projeto de Penedo se tornar Cidade Centro de Convenções. Imóveis de interesse históricos estão sendo reformados e poderão ser utilizados na realização de eventos na cidade. Os locais irão desenvolver suas atividades em dias normais e serão usados como suporte para o Centro de Convenções em eventos.
Situado na Praça Marechal Deodoro, uma das principais da cidade, o Montepio dos Artistas é a sede de uma sociedade sem fins lucrativos, criada no início do século XX, com o objetivo de desenvolver um trabalho sociocultural, mantendo a tradição musical da cidade por meio de uma banda filarmônica.
Sua construção tem características do Ecletismo (estilo vigente à época de sua inauguração) com elementos externos da fachada principal que, em sua maioria, remetem ao Neoclassicismo e na falsa simetria causada pelos dois corpos separados por uma escadaria central, com entrada recuada e com elementos internos decorativos em madeira e massa que circundam arcos, que remetem ao Art Noveau.
A cidade de Penedo possui um centro histórico de significativa importância, formado por conjuntos de logradouros públicos e edificações. Sua paisagem edificada inclui alguns dos mais importantes bens da arquitetura religiosa do Nordeste – o Convento e Igreja Santa Maria dos Anjos e as igrejas de Nossa Senhora da Corrente e de São Gonçalo Garcia – e exemplares da arquitetura civil moderna, como o Hotel São Francisco, dos anos 1960. Essa diversidade foi mantida, rendendo a Penedo o tombamento de seu conjunto histórico e paisagístico pelo Iphan, em 1996.
Sua fundação data do início da colonização portuguesa, em 1565. Portugueses, holandeses e franceses deixaram suas marcas no estilo colonial e na arquitetura barroca de seus templos. O núcleo urbano inicial de Penedo desenvolveu-se às margens do rio São Francisco, então marco dos limites ao sul da capitania de Pernambuco, região que sediaria, dois séculos mais tarde, Alagoas.
Há, na cidade, edificações neoclássicas e até exemplares de Art Nouveau do final do século XIX, quando ocorreu seu apogeu econômico, com o renascimento da indústria do açúcar. O conjunto histórico e paisagístico de Penedo abrange a área da margem esquerda do rio São Francisco com o prolongamento do eixo das ruas 15 de Novembro, do Amparo, São Francisco, Nilo Peçanha e Ulisses Batinga, Joaquim Nabuco (antiga rua Santa Cruz), além das avenidas Getúlio Vargas e Duque de Caxias, entre outras.
O PAC Cidades Históricas está sendo implantado em 44 cidades de 20 estados da Federação. O investimento destinado a 425 obras de restauração de edifícios e espaços públicos é de R$ 1,6 bilhão. No município de Penedo, além do Montepio, já foram entregues o restauro do Círculo Operário (Escola de Santeiros) – responsável por preservar a antiga tradição da produção de santos na cidade alagoana – e da Biblioteca de Penedo.
As ações do PAC Cidades Históricas prosseguem na cidade com as obras no Cine Penedo; Galpões da orla do rio, com a implantação da Escola Náutica, Oficina e Marina Pública; Chalé dos Loureiros – Casa São Francisco, com a implantação do Conservatório de Música; e a requalificação urbanística do Largo de São Gonçalo, centro urbano e área economicamente mais viva da cidade. A previsão é que sejam investidos mais de R$ 20 milhões, até o fim das obras.