Prisões foram realizadas pela Seção de Roubo a Bancos da PC com apoio da Polícia Militar
A Seção de Roubo a Bancos da Deic (Serbs) apresentou, na tarde desta quinta-feira (07), dois presos envolvidos com explosões a agências bancárias. As prisões aconteceram na cidade de Canapi, no alto sertão do Estado.
De acordo com o delegado Vinícios Ferrai, titular da Serbs, o trabalho começou na semana passada, quando as equipes viajaram até o sertão, e resultaram nas prisões. O primeiro foi Sidney Pereira Lima, 33 anos, preso em cumprimento de mandado de prisão expedido pela justiça da Bahia. Sidney tem um irmão gêmeo, que também atua em assaltos a banco, identificado com Sirone Pereira da Silva, de 33 anos, que está foragido. Segundo o delegado, Sidney assumiu que era o motorista da quadrilha e ajudava nas fugas.
O segundo foi Alexandro dos Santos, de 28 anos, preso em flagrante com uma espingarda calibre 12. Uma motocicleta que estava com ele também foi apreendida. De acordo com o delegado, Alexandro aparece no organograma de uma da quadrilha como o fornecedor de armas. Ambos foram presos na cidade sertaneja de Inhapi, mas um deles, o Alexandro, residia em Canapi.
“Para encontrar os assaltantes de banco nós tivemos que voltar às raízes da investigação policial. Nestes casos, a tecnologia não nos ajuda. Saímos de casa na semana passada e iniciamos os trabalhos na região do sertão até chegarmos aos presos. Poderíamos ter feito mais prisões, mas além de estarmos com duas pessoas perigosas, corríamos o perigo de perder o período do flagrante e tivemos que voltar para Maceió, para realizar os procedimentos”, explicou Ferrari.
Explosões a bancos em Alagoas já se tornou rotina em alguns municípios, principalmente nos do alto sertão, pela facilidade da fuga para estados vizinhos. Entretanto, o delegado explica que a realidade de Alagoas ainda é a melhor do país.
“Apesar de tudo isso, Alagoas é o Estado que apresenta os melhores índices do país, se levarmos em consideração que temos ‘apenas’ explosões e não sequestro de gerentes e invasão de agências com reféns. Por outro lado, uma explosão abala toda uma cidade e ganha repercussão em todos os pais. Nós estamos trabalhando para reprimir, mas é o crime mais difícil de ser investigado, porque os bandidos não têm rosto e nem impressão digital. Usam botas, luvas, cobrem a cabeça. Nós temos que trabalhar nas falhas que eles deixam”, disse.
Após as prisões, Sidney deverá ser transferido para a Bahia, onde foi expedido o mandado de prisão. Já Alexandro ficará à disposição da justiça de Alagoas.
“A partir de agora vamos analisar as imagens que temos de ações das quadrilhas aqui no Estado para tentar identificar se eles fazem parte dos grupos que atuam aqui. Vamos olhar se a arma e a motocicleta que apreendemos com o Alexandro também aparecem nas imagens”, explicou o delegado.
De acordo com Vinícios Ferrari, a polícia já tem um número de integrantes das quadrilhas que agem em Alagoas, mas ainda não há identificação das pessoas.
“Nós conseguimos chegar a um número que três quadrilhas agem em Alagoas e também em outros estados do Nordeste. Temos trinta integrantes contados, mas ainda sem identificação, porque eles atuam encapuzados e com luvas. Pelas imagens que temos e analisamos, são trinta pessoas diferentes. Se formos contar com o pessoa que dá apoio logístico, motoristas, este número pode chegar a pelo menos 50, divididas em três quadrilhas. Com esta quantidade, elas agem em sequencia. Por isso um banco pode ser atacado e dias depois ser atacado novamente”, explicou.
Ainda durante a entrevista, o delegado criticou a facilidade que as quadrilhas de assaltantes a bancos têm de comprar armas e de acesso a explosivos. Segundo ele, a fiscalização do Exército ainda é muito precária, o que atrasa o trabalho da polícia.
“Hoje nós prendemos dois envolvidos diretamente em assaltos, mas não posso dizer que vamos conseguir diminuir as estatísticas. Não há uma fiscalização efetiva dos explosivos, não se consegue saber de onde sai, quem vende e quem compra. O mesmo acontece com as armas, que a Polícia Federal não consegue saber, principalmente porque existem fabricas que produzem armas piratas, iguais às originais, e estas não tem como rastrear. Aqui nós prendemos um, e logo ele é substituído porque é muito fácil comprar armas e explosivos”, lamentou o delegado.
O delegado disse ainda que entre os ataques a bancos registrados em Alagoas, mais de 80% são a agências do Bradesco. “Posso dizer com precisão que mais de 80% das explosões são a agências do Bradesco, que é a única que não adota nenhum tipo de segurança, o que deixa os casos mais difíceis de ser investigados”, disse.