Uma garota, menor de idade, foi vítima de um estupro coletivo promovido por cinco homens, no município de Penedo. O caso ocorreu no dia 26 de junho deste ano, mas só foi divulgado nesta quarta-feira, 20, após a prisão de quatro envolvidos. Os acusados foram apresentados à imprensa alagoana em entrevista coletiva na sede da Secretaria de Segurança Pública.
O delegado que presidiu o inquérito, responsável pela Regional de Penedo, Guilherme Iusten, contou em detalhes como se deu o crime e como chegou aos acusados, presos ontem e hoje, nos municípios de Penedo (AL) e Neópolis (SE). Apenas um integrante do grupo permanece foragido e seu nome não será divulgado para não atrapalhar as buscas.
Iusten conta que a jovem e suas amigas foram convidadas a participar de uma festa na localidade conhecida como Rocheira, em Penedo. Ela e as amigas foram inclusas em um grupo de whatsapp intitulado “Domingo Cultural”, usado para marcar a festa, segundo a polícia, regada a bebidas e drogas.
No dia da festa (26/06), segundo o relatos da vítima ao delegado, a jovem disse que, um momento da festa, deixou seu copo para ir ao banheiro e na voltar pegou novamente e continuou bebendo. Pouco tempo depois as amigas perceberam que a adolescente estava perdendo os sentidos. Cinco rapazes se prontificaram a leva-la para a residência de um deles, onde fariam o suposto socorro. As amigas garantem que tentaram impedir, em vão.
De acordo com o delegado, não há mais como comprovar se, além do álcool e a maconha usados na festa, foi colocada alguma substância na bebida da menor, devido o tempo entre o fato e a denúncia, mas acredita que possa ter sido usado alguma substância.
“O advogado de um dos presos me procurou hoje para pedir que fosse ministrada uma medicação que um dos presos precisava tomar às 16h. Trata-se do remédio controlado rivotril, o que me leva a crer que este medicamento pode ter sido colocado na bebida da jovem, devido os sintomas apresentados por ela. Não acredito que apenas o álcool e a maconha tenham deixado ela apagada mesmo com tudo o que fizeram com ela. Mas mesmo que ela não tinha sido dopada, somente o fato de ela não ter condições de responder pelos seus atos e terem feito o que fizeram com ela é crime da mesma forma”, disse o delegado.
Depoimento da vítima
A vítima contou que acordou parcialmente em um lugar estranho com cinco pessoas a sua volta. E apesar de desnorteada, ela lembra de dois deles cometendo o estupro. A jovem conta que “apagou” novamente e acordou no dia seguinte com um homem despido ao seu lado na cama. Naquele momento ela pensou em procurar a polícia, mas teve medo e vergonha.
A coragem só veio no dia 10 deste mês quando um amigo lhe enviou um vídeo onde ela aparece sendo estuprada pelo grupo citado. Os rostos não aparecem, apenas as vozes, mas ela se reconheceu pelas tatuagens. A vítima procurou a polícia, contou todos os detalhes ao delegado, que representou junto ao Ministério Público Estadual para pedir as prisões preventivas dos cinco suspeitos.
Sobre o Vídeo
Durante a coletiva o delegado contou que o vídeo é chocante pela violência. A jovem aparece nas imagens completamente ensanguentada, gemendo de dor, enquanto os agressores se divertem.
Somente após a repercussão do vídeo, a população de Penedo foi informada do caso. O delegado conta que quando o Conselho Tutelar da cidade o procurou ele já estava com os mandados de prisão, busca e apreensão e sigilo telefônico dos cinco envolvidos, que foram expedidos pela juíza da 4ª Vara de Penedo.
Acusados e apreensões
Foram presos quatro homens pelos crimes de estupro de vulnerável, fornecimento de bebida alcoólica para menores, divulgação de imagens de menores e tráfico de drogas. Os envolvidos serão conduzidos para a Delegacia Regional de Penedo, onde prestarão depoimento e posteriormente serão encaminhados à Casa de Custódia de Arapiraca.
Além das prisões, foram apreendidos aparelhos celulares e computadores nas casas dos acusados. Todo o material será periciado para saber se além desta jovem, outras também foram aliciadas para participarem de festas como estas.
“O pedido foi de prisão preventiva e vamos passar estes trinta dias investigando os jovens. Nenhum deles tem passagem pela polícia, mas não sabemos dizer ainda se eles já cometeram este tipo de crime outras vezes. Pode ser que com a prisão e divulgação do ocorrido outras vítimas denunciem crimes de estupros na cidade”, finalizou o delegado.
O delegado também aproveitou o espaço para fazer um alerta aos pais de jovens e, principalmente de adolescentes para que fiscalizem os filhos.
“Eu queria pedir aos pais e responsáveis que fiquem mais atentos e fiscalizem as amizades das filhas e filhos de vocês. Muitas vezes, os pais só sabem quando acontece um fato como este. A mãe desta jovem nem imaginava que ela andavam em festas regadas a álcool e drogas”, disse.