Neymar virou um problema para a seleção olímpica.
E ainda mais preocupante: não exatamente um problema, como se costuma brincar, daqueles que todo técnico adoraria ter.
A exempo do que já havia acontecido no amistoso contra o Japão, o craque do Barcelona voltou a abusar dos lances individuais, deixou de lado o jogo coletivo pregado por Rogério Micale e acabou sendo um dos mais vaiados ao fim do empate em 0 a 0 com a África do Sul, na última quinta-feira, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Como resolver um problema como Neymar?
Segundo números do DataESPN, o atacante de 24 anos foi o atleta que mais distribuiu passes errados na partida. Ao todo, foram 27, nove a mais que o segundo, o goleiro sul-africano Itumeleng Khune, 18, o responsável por manter o placar inalterado durante o confronto.
Se considerado apenas os seus compatriotas, a distância foi ainda maior: o lateral Douglas Santos, com 11, surge em seguida.
O número de bolas perdidas, claro, passa um pouco pelo detalhe de ele ter assumido o papel de conduzir o Brasil mais à frente.
Mas também expõe o fato de ter prendido a bola demais quando o que se viu na maior parte do tempo na Granja Comary era uma proposta de troca de passes rápida. No fim das contas, o ensaio foi um e a prática, outra.
“Às vezes, a gente acaba jogando em função de um jogador. É como o Barcelona joga. Jogamos em função do Messi, é o cara que toca mais na bola e a gente acaba fazendo os movimentos. Não é por isso que a gente fica chateadinho por tocar a bola no Messi. É isso que muita gente não entende”, analisou ao fim da partida ao ser informado de que foi o que mais tocou na bola.
Neymar foi o mais fominha, porém, também o que mais ameaçou.
Talvez por isso, Micale se mantenha ao seu lado.
“O Neymar é um jogador diferenciado, sabe o que representa para a seleção e tentou fazer o melhor. Acho que temos que olhar que ele vem em um período grande de férias, está readquirindo ritmo de jogo. Ele vai crescer muito durante a competição. Confio muito nele”, analisou.
Possivelmente, essa não era a “Neymardependência” que o treinador confessou durante os treinos que desejava ter.
A seleção olímpica volta a entrar em campo no próximo domingo, contra o Iraque, mais uma vez no Mané Garrincha, em Brasília.