Abertura oficial reuniu camponeses, movimentos sociais, imprensa e apoiadores da luta
Iniciou nesta quarta-feira, 10 de agosto, a 24ª edição da Feira Camponesa. Toneladas de alimentos saudáveis, casa de farinha, restaurante camponês e uma programação cultural noturna fazem parte do evento, que movimenta a Praça da Faculdade até o meio-dia do sábado, 13.
Organizada pela Comissão Pastoral da Terra, a Feira reúne 65 famílias camponesa vindas do litoral, sertão e zona da mata para comercializar os frutos da reforma agrária na região central de Maceió. “São famílias acampadas e assentadas em 18 áreas que lutam pela terra para alimentar nossa população com alimentos livres de agrotóxicos e ter garantia de trabalho e renda”, afirmou Heloísa Amaral, coordenadora da CPT.
No coração de Maceió
A 24ª Feira Camponesa, pelo 15º ano consecutivo, retorna ao coração de Maceió, na praça Afrânio Jorge, mais conhecida como Praça da Faculdade. Após anos abandonada pelo poder público, a Praça está hoje revitalizada e oferece melhores condições para recepcionar os camponeses e a população, que busca alimentos saudáveis.
“A praça estava abandonada e nós, durante anos, lutamos para dar vida à ela. Hoje, com ela revitalizada, trazemos alimentos saudáveis que tanto a população tem procurado e convidado nossa a Feira para se fazer presente em seu bairro, já que os supermercados estão abarrotados de alimentos envenenados, cheios de agrotóxicos”, completou Heloísa.
A coordenadora do MST, Débora Nunes, presente à abertura da Feira, denunciou a investida de setores conservadores, que apoiados pela Prefeitura, tentaram barrar a realização de Feiras na praça. “Existiu uma tentativa de criminalizar os movimentos e querer proibir os trabalhadores rurais de ocupar um espaço que ocupamos há 20 anos. Assim como os moradores prezam por essa praça, nós também prezamos. Essa praça já faz parte da gente e seguimos com o compromisso de continuar cuidando da praça e da alimentação da população”, afirmou Débora.
Política agrária
Os movimentos sociais e sindicatos, durante a abertura da Feira, fizeram críticas ao Governo, em suas três esferas, diante da política agrária. No contexto de Alagoas, mesmo com o presidente do Iteral presente e apoiando a realização da Feira, Jaime Silva não foi poupado de ouvir críticas à atuação do governo do estado.
Para Josival Oliveira, o Val do MLST, o Governo do latifundiário Renan Calheiros tem deixado os trabalhadores rurais à míngua, sem incentivos para o plantio e até para a comercialização. “Temos que nos fortalecer e lutar para que os alimentos da reforma agrária cheguem em mais mesas do povo trabalhador e, para isso, as feiras são fundamentais. Entretanto, o Governo não tem cumprido sua palavra e liberado recursos para sua realização. É uma conquista ver essa feira acontecendo com tanta fartura”, afirmou Val.
O representante da Associação Italiana Pachamama (Terra Mãe), Omar Bório, apontou a necessidade da reforma agrária no Brasil. “Uma das saídas dessa crise é investir no campo. Não nas grandes empresas que agora estão fechando, mas na agricultura familiar que está dando certo, que gera renda, que tira as pessoas da pobreza. Para fazer isso, é só tirar uma pequena parte do que vai para o agronegócio e destinar para milhares de pessoas que estão no campo precisando de apoio”, disse o italiano que desde 2012 apoia as ações da CPT.
Presença
Estiveram presentes à celebração de abertura da feira, representantes da Fetag, da CUT, do MST, do MLST, do MVT, do Iteral e do INCRA. As lideranças camponesas, de cada acampamento e assentamento, e jornalistas da imprensa também compartilharam do café da manhã oferecido ao final da cerimônia.