Dizem que um grande lutador não é aquele que sabe apenas bater, mas que consegue aguentar as pancadas da vida. O baiano Robson Conceição soube se esquivar da infância pobre e das brigas de ruas na periferia de Salvador para conquistar uma inédita medalha de ouro no boxe brasileiro. Ao derrotar o francês Sofiane Oumiha na final masculina do peso ligeiro (até 60kg), no Pavilhão 6 do Riocentro, ele escreveu definitivamente seu nome na história do esporte no país.
Foi uma luta franca, com muitas trocas de golpes de ambos os lados, mas que nunca esteve fora do controle de Robson Conceição. Tanto que foi declarado vencedor por decisão unânime dos juízes. “Pensei que seria mais fácil, mas o francês demonstrou garra e técnica. Foi a luta mais difícil da minha vida. Minha estratégia era ir para cima do adversário, tomar um golpe e acertar três ou quatro. Felizmente, deu certo. Agoira quero agora descansar e acordar desse sonho”, disse o campeão olímpico.
Robson Conceição agradeceu o apoio da torcida brasileira e lembrou que “a Bahia é a Cuba brasileira do boxe”. Mais uma vez, ele demostrou seu amor pela filha Sofia, que estava presente no Riocentro e completa dois anos na sexta: “prometi essa medalha para ela e consegui cumprir”.
Ele lembrou também do começou difícil, ainda em Salvador, quando nem nos sonhos mais mirabolantes poderia imaginar que colocaria uma medalha de ouro olímpica no peito: “tive uma infância difícil, bem humilde e, depois que entrei para o boxe, percebi que é preciso ter persistência. Perdi as dez primeiras lutas que disputei e hoje sou campeão olímpico. Então, meu recado para todos é: nunca desistam”.
Em sua terceira edição de Jogos Olímpicos (foi eliminado na estreia em Pequim 2008 e Londres 2012), Robson tinha como melhores resultados até então a prata nos Jogos Pan-americanos Guadalajara 2011 e o bronze no Mundial de Doha 2015. O título de Robson foi a quinta medalha olímpica brasileira na modalidade. Antes dele, o país foi prata com Esquiva Falcão e bronze com Yamaguchi Falcão, Adriana Araújo (todos em Londres 2012) e Servílio de Oliveira (México 1968).