Incerteza quanto à manutenção do emprego impactou nesse desempenho
Passado o período junino e seu impacto positivo no aumento das vendas, a pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pelo Instituto Fecomércio de Estudos, Pesquisas e Desenvolvimento (IFEPD), em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), demonstra que, em julho, os consumidores de Maceió reduziram suas intenções do consumo em 1,97%.
Os dados apontam que a redução mais expressiva do consumo ocorreu entre os consumidores que recebem até 10 Salários Mínimos (S.M), que registrou um recuo de 2,5%; fato significativo quando se considera que a maioria dos maceioenses está nessa faixa. Já entre os consumidores com remuneração superior a 10 S.M. o consumo subiu 4,95%, em julho. Ainda assim, na análise do Instituto Fecomércio, o aumento não foi suficiente para compensar a baixa das famílias de menor renda.
O assessor econômico da Federação, Felippe Rocha, credita a redução do consumo à incerteza do mercado de trabalho. “Essa redução é reflexo da insegurança com relação à manutenção dos empregos. Percebemos que entre os entrevistados que percebem renda menor do que 10 S.M., a sensação de segurança no emprego diminuiu 4,87% se comparado a junho, enquanto entre os que recebem mais do que 10 salários, essa sensação aumentou 6,26%. Com certeza essa realidade interfere na intenção de consumo”, avalia.
De acordo com o economista, mesmo com a redução da sensação de segurança no emprego, os maceioenses se mantêm otimistas em relação a uma melhora sobre as perspectivas profissionais, tendo ela aumentado em 1,36% em relação ao mês anterior.
Entre os fatores que contribuem para esse otimismo está a proximidade do final do ano e as potencias vagas de empregos temporários. “Isso é resultado da melhora no saldo de admissão que ocorre no segundo semestre do ano devido ao período de safra, a aproximação do Natal e diversos outros indicadores de produção sinalizando que a economia está se realinhando para uma trajetória de crescimento econômico, tais como a leve melhora do indicador de produção industrial, que subiu em nove dos 14 locais pesquisados, com leve decréscimo de 0,3% para o Nordeste, mas com alta de 1,2% para Pernambuco e 2% para o Ceará”, observa.
A pesquisa também demonstra que a sensação de poder de compra se elevou 1,11% entre os entrevistados com renda superior a 10 salários. Já entre os que declararam se sentir com menor poder de compra o percentual aumentou “refletindo a elevação do quantitativo de consumidores na faixa de renda abaixo dos 10 salários mínimos, que foi de 6,34%. O efeito significativo do aumento de preços em produtos mais procurados, como feijão e arroz, traz um efeito negativo sobre o poder de compra dos indivíduos de menor faixa de renda”, explica Felippe.
Em relação ao crédito – que permite às famílias adquirirem produtos por meio de financiamentos parcelados, não comprometendo seus salários integralmente no mês – o indicador aponta para uma redução de 7,6% em relação à facilidade de acesso ao crédito; consequência do aumento ininterrupto dos juros mês a mês. “A dificuldade de acesso ao crédito dos consumidores atinge mais aqueles que ganham menos de 10 salários, exatamente a faixa que compromete mais facilmente sua renda com dívidas e financiamentos, o que os impede de adquirirem mais crédito a curto prazo”, afirma o economista.
Os consumidores cm renda superior encontram-se em posição mais confortável, sinalizando um aumento de 4,17% na facilidade de acesso ao crédito. Também nessa faixa houve um aumento de 26,34% na intenção de adquirir bens duráveis, de 26,34%.
No contexto geral, quando comparado ao segundo semestre de 2015, os consumidores têm melhorado seus indicativos sobre perspectivas de consumo: 2,95% no geral; 2,48% entre os de renda abaixo de 10 S.M.; e 13,97% entre os que ganham acima.
A pesquisa mensal do Comércio e de Serviços referente à dinâmica de consumo e vendas dos empresários, divulgadas pelo IBGE no início deste mês, traz um alento para uma economia retraída, uma vez que indica uma retomada, em junho, do consumo de bens duráveis, semiduráveis e não-duráveis, resultando num acréscimo de 0,1% em relação ao Brasil e de 0,2% para Alagoas.
Já em relação ao consumo de serviços, tais como turismo e serviços, a média nacional apresentou retração de 0,5%, enquanto Alagoas registrou alta de 2,6%; a terceira melhor variação do período, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte e da Paraíba, que apresentaram 3% e 2,8% respectivamente.