O eletricista metroviário Renato Nunes, 44 anos, viu sua vida passar por altos e baixos em pouco tempo. Após superar a amputação de parte de sua perna esquerda, ele ganhou peso e passou a viver de modo sedentário. Mas a provocação de um amigo para fazer uma simples caminhada no bairro e logo depois para participar de corridas de rua o transformou em um paratleta. Hoje ele sonha com medalha na Paralimpíada Rio 2016 nos 100 metros rasos e no revezamento 4 x 100 metros.
Da oficina no Terminal Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo, Renato espera receber a energia da torcida dos amigos que fez nos mais de 10 anos de trabalho no local. “Aqui fiz amigos que viveram juntos comigo a dor da minha perda. Tenho certeza que irão torcer por mim”, disse.
“Vou participar de uma prova, a dos 100 metros, que será difícil, pois vou competir com atletas de alto nível. Na prova dos 400 metros, revezamento, vou integrar uma equipe que é muito forte e acho que temos chances de medalha, quem sabe a de ouro.”
Renato viajou para o Rio de Janeiro na segunda-feira (22), onde se juntou aos demais atletas que vão participar das provas de atletismo. “Terei o apoio de minha família, que vai estar lá nas arquibancadas para me ver.”
Acidente de trabalho
“Minha amputação foi trumática, diante de uma situação muito triste na minha vida, durante a manobra de um guindaste no local onde eu trabalhava, no Metrô. Caiu uma peça muito grande sobre minha perna, em novembro de 2004. Saí do sedentarismo em agosto de 2008, foi quando saí do sofá de casa para fazer alguma coisa na vida. Comecei a fazer atividade física por necessidade, porque estava gordo, fora de peso. Hoje sou um apaixonado pela corrida.”
Renato disse que nunca havia pensado em sua vida, antes da amputação, em ser atleta. Digo para todo mundo que não tinha planos para chegar onde cheguei, as oportunidades foram aparecendo e eu fui abraçando. Isso foi me provocando uma possibilidade, mesmo que pequena, de participar da Paralimpíada.”
O eletricista afirmou que o esporte mudou a vida da relação dele com a família e com a sociedade. “Esporte foi uma transformação na minha vida. Eu não sou o mesmo Renato de alguns anos atrás, não é o mesmo Renato, não é a mesma pessoa. O esporte transformou a minha relação com as pessoas, com meus filhos, com minha família. O esporte veio mostrar isso para mim, a respeitar a limitação das pessoas.”
Para a competição no Rio de Janeiro, Renato tem uma rotina dura de treino. “Faço treinameno de força e musculação, as questões de pista, todas as atividades de estímulo de corrida são feitas na pista do Sesi de Santo André.”
Ele conta com uma parceira de treino, que serve para estimular a competiividade. “Meus treinos são feitos com a Gabriela, que é uma atleta que tem ritmo de provas igual ao meu. Isso estimula o treino, a competitividade, isso nos torna uma equipe muito forte e é bacana para a rotina de um atleta.”