A delegada Lucy Mônica, secretária-adjunta de Segurança Pública recebeu a imprensa na tarde desta terça-feira, 30, para tentar explicar como se deu a ação policial que culminou com a morte de oito pessoas no município de Delmiro Gouveia, Sertão alagoano. O tiroteio deixou a população em pânico. Uma multidão se formou no bairro Campo Grande para acompanhar a condução das vítimas para uma caminhonete.
Segundo o delegado Rodrigo Cavalcante, titular da Regional de Delmiro Gouveia, 40 policiais, entre militares e civis, participaram da operação para captura de uma quadrilha suspeita de envolvimento em roubo a bancos, homicídios, roubo de veículos, sequestros e tráfico de drogas. O delegado afirma que o grupo já vinha sendo investigado e ontem obtiveram informações sobre o quartel geral (QG) do bando.
Tratava-se de uma residência de primeiro andar no bairro Campo Grande. Os policiais montaram campana, mas não conseguiram observar nenhuma movimentação à noite. Hoje pela manhã, no entanto, receberam mais informações: a quadrilha teria explodido um banco no município de Traipu.
Somente por volta das 9 horas as equipes da Polícia voltaram ao QG e, segundo o delegado, houve resistência e foram recebidas à bala. Mesmo em posição menos privilegiada – já que os criminosos utilizavam o pavimento superior – a polícia conseguiu atingir oito pessoas. Todas morreram.
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O delegado informou que algumas pessoas conseguiram fugir no tiroteio, mas não soube precisar quantas. O que se sabe é que duas prisões de pessoas ligadas ao bando foram realizadas nesta tarde. Um homem conhecido como “Bolinha”, que havia feito uma mulher refém, e um indivíduo conhecido como “Cabelo”, que comprava droga da quadrilha.
A polícia ainda não tem os nomes completos, mas divulgou os apelidos dos mortos durante a operação: Big, que é irmão do Sidney Mosca, apontado como o líder do grupo; Jonathan; Oinho; Beicho; Marcio; Robson; Miltinho e Priquitinho.
Dentro da casa, a polícia apreendeu dois simulacros, sete armas (duas espingardas; três revólveres calibre 38; um revólver calibre 32; e uma pistola 380); coletes balísticos, balaclavas, duas motocicletas, seis quilos de maconha e quase R$ 2 mil em espécie.
Com tamanho aparato, os coordenadores foram questionados se algum policial teria ficado ferido. O delegado disse que não, mas um deles chegou a levar um tiro que atingiu o colete balístico.
A secretária-adjunta da SSP, Lucy Mônica, explicou que a Polícia foi à operação preparada para lidar com a periculosidade dos integrantes da quadrilha e endossou a ação. “A intenção da polícia era prender e houve mortes. A Secretaria de Segurança dá apoio às tropas até porque ninguém quer ser recebido à bala, nem quer um policial morto”, disse. Ainda segundo Lucy Mônica, o delegado-geral Paulo Cerqueira vai designar um delegado especial para investigar a ação.
Durante a coletiva o delegado disse que não houve perícia no local porque alguns dos atingidos estavam vivos. No entanto, não ficou claro o motivo pelo qual as vítimas do tiroteio foram retiradas da residência e colocadas em uma caminhonete, já que as equipes de socorro foram acionadas para o local.
Os integrantes da quadrilha, apesar de estarem em uma residência em Delmiro Gouveia, são oriundos do bairro Tancredo Neves, da cidade vizinha de Paulo Afonso, na Bahia.
De acordo com o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, coronel Fontes, a quadrilha era extremamente perigosa e articulada na região. O grupo é responsável por diversos crimes na região, a exemplo de um assalto a uma agência do Banco do Brasil, em Delmiro Gouveia, há 15 dias. O grupo também roubou um veículo saveiro na noite dessa segunda-feira e o carro foi localizado hoje em uma área de caatinga. “Eles costumavam esconder os veículos para usar em outros delitos”, explicou o coronel Fontes.
Além destes, a mesma quadrilha é acusada do assalto a uma casa lotérica na cidade de Olho D’Água do Casado; um mercadinho conhecido com A Paulistinha, em Delmiro Gouveia, de onde levaram uma quantia em torno de R$ 25 mil; o assalto à UPA da mesma cidade, de onde levaram a arma do vigilante, entre outros crimes.