Sócio da J&F presta depoimento na PF em ação sobre fundos de pensão

Polícia Federal cumpre mandados

Wesley Batista, um dos sócios controladores da J&F, holding detentora da JBS, e Walter Torre, dono da Construtora WTorre, foram levados para prestar depoimento na Polícia Federal de São Paulo nesta segunda-feira (5). Os executivos são alvos da Operação Greenfield, que investiga irregularidades em quatro dos maiores fundos de pensão do país, todos ligados a estatais. Os desvios são estimados em pelo menos R$ 8 bilhões.

A PF informou que havia mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para depor e depois liberada) para Walter Torre e para Wesley Batista. No entanto, segundo a assessoria de imprensa da J&F, Wesley prestou depoimento de forma voluntária. Ele deixou a sede da PF por volta das 11h20.

A J&F e a JBS não são investigadas diretamente na operação, mas sim a Eldorado Brasil, empresa de celulose controlada pelo grupo dos irmãos Wesley e Joesley Batista por meio da J&F Investimentos (80,98%). Os fundos de pensão Petros e Funcef, que podem ter sido alvo de fraude, são sócios da Eldorado, com participação de 8,53% cada um.

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão na Eldorado e na J&F. A assessoria de imprensa da J&F afirmou que o diretor presidente da holding, Joesley Batista, está nos Estados Unidos e que a empresa colabora com as investigações.

A J&F informou ainda que os investimentos feitos pela Petros e Funcef na Eldorado foram de R$ 550 milhões no ano de 2009. “De acordo com último laudo independente (Deloitte) emitido em dezembro de 2015, a participação dos fundos atualizada é de R$ 3 bilhões, ou seja 6 vezes o valor investido inicialmente”, diz nota da assessoria.

Outras ações em SP
Em São Paulo, até por volta das 12h, a PF também havia cumprido mandados judiciais nas empresas Engevix, OAS e WTorre. Dos 17 mandados de condução coertiva em São Paulo, seis já foram cumpridos. O mandado de prisão expedido por São Paulo foi cumprido no Rio de Janeiro.

O ex-diretor da OAS, Léo Pinheiro, foi alvo de condução coercitiva pela Operação Greenfield. Ele estava em liberdade provisória pela Operação Lava Jato, mas voltou a ser preso e será levado para o Paraná porque o juiz Sérgio Moro, que atua no âmbito da Lava Jato, entendeu que ele continuava cometendo crimes.

Renata Maroto, conselheira fiscal do Fundo de Combate à Pobreza (Funcep), foi alvo de um mandado de busca em São Paulo. Gelson Almada, da Engevix, também prestou depoimento e deixou a Superintendência da PF na capital paulista por volta das 13h20.

Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que já foi condenado no âmbito da Operação Lava Jato.

Operação Greenfield
A PF faz cumpre mandados judiciais em oito estados, para apurar desvios no Funcef (fundo de pensão de funcionários da Caixa), na Petros (de trabalhadores da Petrobras), na Previ (de funcionários Banco do Brasil) e no Postalis (de trabalhadores dos Correios).

Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal de Brasília, que também determinou o bloqueio de R$ 8 bilhões.

As investigações começaram após a revelação da causa de déficits bilionários de fundos do tipo. “De dez casos, oito são relacionados a investimentos realizados de forma temerária ou fraudulenta pelos fundos de pensão, por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações)”, disse a PF.

Investigadores afirmam que o esquema, do qual participavam dirigentes dos fundos de pensão, superavaliava as empresas onde o dinheiro era investido e ocultava o risco das operações. Além disso, os critérios de aprovação dos investimentos eram desrespeitados, e havia desvio de recursos.

A PF observou a configuração de núcleos criminosos: o empresarial, o dirigente de fundos de pensão, o núcleo de empresas avaliadoras de ativos e o núcleo de gestores e administradores dos fundos de investimentos em participações.

O nome da operação faz alusão a investimentos que envolvem projetos incipientes, ainda no papel, como se diz no jargão dos negócios.

Mandados judiciais
– 106 de busca e apreensão
– 34 de condução coercitiva
– 7 de prisão temporária

Presos
– Carlos Alberto Caser, ex-presidente da Funcef
– Carlos Augusto Borges, ex-diretor da Funcef
– Demósthenes Marques
– Humberto Pires Grow Viana de Lima
– Maurício Marcelline Pereira

Alvos de condução coercitiva
– Eugênio Staub
– Carlos Fernando Costa, ex-presidente da Petros
– Pedro José Barusco Filho
– Sérgio Silva Rosa
– Cristiano Kok

Empresas que foram alvo de busca
– Santander
– Bradesco – Asset Maneger
– Brookfield
– Deloidde
– Evovix
– Engevix
– Envepar
– J&F
– OAS
– 7 Brasil
– Vice-presidência de gestão e ativos da Caixa

De acordo com a PF, os investigados podem ser indiciados por gestão temerária ou fraudulenta. Também podem responder por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.

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