A cantora e compositora Waleska morreu, aos 75 anos, na manhã desta sexta-feira, na Clínica São Carlos, no Humaitá, na Zona Sul do Rio, após três anos de luta contra um câncer no pâncreas. Autora de mais de 20 álbuns, Waleska se destacou no cenário musical ao gravar composições de Tom Jobim, Ary Barroso, e Cartola. O apelido de “Rainha da fossa”, dado por Vinicius de Moraes, traduzia o fato de ser considerada uma das mais fiéis intérpretes românticas da MPB: “ela sempre tem a canção certa para a dor exata”, costumava descrever Moraes. Sua última apresentação foi em março, no Beco das Garrafas, em Copacabana, com o show “Cantando e contando a MPB”.
Nascida no Espírito Santo, Maria da Paz Gomes adotou o nome artístico de Maria Waleska na década de 1960, quando começou a carreira se apresentando na rádio “Inconfidência” e na emissora de TV “Itacolomy”, ao lado de Clara Nunes e de Milton Nascimento, em Belo Horizonte, até se mudar definitivamente para o Rio de Janeiro. Foi entre a efervescência cultural carioca da época que se tornou cronner da boate Arpége, de Waldir Calmon, e passou a cantar no famoso Beco das Garrafas. Em 1961 e 1964, gravou seus primeiros dois compactos.
Em 1966, Waleska fundou o Pub bar (Pontifícia Universidade dos Boêmios), no bairro do Leme. Celebrizada no circuito de boates, com público cativo na década de 1970, criou a Boate Fossa, em Copacabana. O local ficou conhecido pelos seus frequentadores ilustres, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek e o jornalista Carlos Lacerda.
Na década de 1980 e 1990, fez várias turnês, passando pela Itália, Portugal e pelos Estados Unidos. Waleska era admirada também pelo jornalista e compositor Sérgio Bittencourt, um dos grandes divulgadores de seu trabalho, além de ser muito amiga da cantora Maysa, grande referência musical para ela. Tanto, que em 2015, apresentou na Sala Baden Powell o espetáculo “Maysa – Um mito cantado por Waleska”, com direção musical de José Roberto Leão, no qual interpretou canções consagradas na voz da cantora Maysa.