A Polícia Civil de Sorocaba (SP) apreendeu nesta terça-feira (1º) dois adolescentes que teriam postado na internet ofensas racistas contra a cantora Preta Gil em julho deste ano. Durante uma operação, determinada pela Justiça do Rio de Janeiro (RJ), os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em três locais do município no interior de São Paulo.
De acordo com informações do delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, pelo menos 100 perfis foram identificados após quebra de sigilo do Facebook. “Desses perfis, dois eram de Sorocaba. É uma menina de 15 anos e um adolescente de 14. Foram vistas nas páginas deles as mensagens principais ofensivas de caráter racista quanto a cor e etnia.”
No dia 26 de julho, a cantora fez um desabafo no Facebook e disse ter sido “atacada” com “diversas mensagens” no dia anterior. Gil alegou ter sido vítima de preconceito na internet e denunciou mensagens de ódio recebidas pelas redes sociais. Na época, a assessoria de imprensa disse que ela iria registrar o caso na Delegacia de Crimes de Informática e inquérito foi instaurado como injúria racial.
“…Ontem fui atacada com diversas mensagens de ódio em minha página no Facebook; uns atacaram minha cor, meu trabalho, meu corpo, outros tentando fazer piadas de péssimo gosto apenas para tentar me denegrir ou magoar, eles assinaram todos os posts com uma # agiram em bando, são organizados e cruéis. SAIBAM esse tipo de ataque só me fortalece, eu conheço o meu VALOR !!!”, escreveu a cantora em seu perfil.
Durante a operação, que foi realizada em cidades de 10 estados, foram apreendidos computadores e celulares usados para fazer as ofensas. Todo material será encaminhado para perícia. Ainda segundo o delegado, os adolescentes estão prestando depoimento acompanhados dos responsáveis. “Eles devem esclarecer a motivação do crime e devem respoder por ato infracional por crime de injúria”, explica Carriel.
Na postagem, Preta diz ainda que, desde muito nova, sempre conviveu com o preconceito de “quem não aceitava ver filho de negro em uma escola particular, de quem não consegue aceitar que uma pessoa pode se chamar Preta”.
Segundo a cantora, as pessoas que escreveram as mensagens preconceituosas usam imagens “forjadas” para que o dono do perfil não seja reconhecido.
“São covardes, são pessoas vis, não sei quem são.
Será que eu deveria não dar atenção ou querer me preocupar com isso? NÃO! Vou me defender em meu nome e de quem mais se sentiu ultrajado com essa verdadeira doença social. Essa epidemia de desamor e ódio que se alastra e atinge a todos. Estou cansada dessa impunidade, dessa onda de ódio, de gente que escreve o que quer para atacar a quem está quieto. Quero justiça!”, disse Preta em sua rede social.