Durante coletiva concedida na manhã desta quinta-feira (03), as secretarias de Segurança Pública e de Comunicação do Governo de Alagoas esclareceram a discrepância entre os números divulgados no 10° Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e os números da própria SSP.
Visivelmente insatisfeito com as últimas matérias veiculadas por alguns órgãos da imprensa alagoana, o secretário de segurança, coronel Lima Júnior, negou veementemente que houve má-fé, omissão ou dissimulação de dados emitidos à entidade não-governamental e chamou de ‘matérias de quinta’, acusando de querer cinco minutos de fama os jornalistas que insinuaram que a SSP ‘errou’ propositalmente na emissão de dados.
A SSP divulgou durante coletiva os detalhes, inclusive conteúdo de conversas via email entre integrantes da ONG e o capitão da Polícia Militar Anderson Cabral, PM assessor especial em estatística da SSP, que atestariam que a primeira leva de dados não continham os crimes de auto de resistência, considerados como ‘excludentes de criminalidade’. Os diálogos comprovam ainda que um dos integrantes da ONG questiona que ‘os números não batiam’ e o capitão sugere que a não inclusão dos autos de resistência ou mortes decorrentes de intervenção policial podem ser a razão, enviando nova tabela contendo os assassinatos. Esses crimes somam 103 novos homicídios que incluem a morte de policias civis, militares, rodoviários federais e também dos suspeitos mortos em confronto.
É do Fórum a informação de que conforme a metodologia adotada pela ONG, os policiais rodoviários federais, seis ao todo, não entrariam na estatística do Anuário, o que fez reduzir de 103 para 97, mas ao divulgar o percentual, esses 97 homicídios teriam ficado de fora. O próprio Fórum mantém em seu site uma nota emitida no dia 1° de novembro que a SSP de Alagoas teria enviado novas informações no dia 31 de outubro sobre a metodologia dos CVLI e das mortes decorrentes de intervenção policial, alertando para uma retificação da SSP e informando que uma versão completa e atualizada do Anuário seria publicada na data de hoje, 03 de novembro.
Com os dados, a SSP confirma que Alagoas deve subir do oitavo Estado mais violento para ocupar a sexta colocação. Mesmo com a nova contagem Alagoas se mantém em primeiro lugar no ranking entre os estados que mais reduziram os números de CLVI, o número atualizado da SSP prevê queda de 17,6%.
Mesmo com a queda, SSP e Comunicação dizem que Alagoas ainda não tem o que comemorar, mas Lima Júnior pontuou que a metodologia usada pela SSP é reconhecida pelo Ministério da Justiça e referência pública para o Brasil na atualidade.
Confrontos
É também de Lima Junior a declaração de que a Polícia Militar de Alagoas é a terceira que mais mata no país. Sobre o índice, o coronel atribui ao número de operações. “O índice está diretamente ligado ao número de operações. Quanto maior a possibilidade de confronto, maior o índice. Vamos continuar motivando a tropa nos parâmetros da Lei. É o criminoso quem dita a intensidade da força com os PMs vão agir,” declarou o coronel.
Apesar do mal-estar entre SSP e o Fórum, o Secretário de Comunicação, Ênio Lins, reafirmou a parceria entre o governo do estado e a ONG e declarou que qualquer dado solicitado pela ONG será encaminhado sem dificuldade.
Nota à imprensa
A Secretaria de Segurança Pública enviou uma nota à imprensa em que afirma ter havido um erro de interpretação dos números aqui apresentados. Veja abaixo:
Boa tarde, gostaríamos de informar sobre um equívoco na interpretação a respeito dos dados apresentados durante a coletiva.
Ao invés de ser Alagoas que saiu do primeiro para o sexto lugar como mais violento, é Maceió que deixa de ser a capital mais violenta do Brasil e , depois dos dados retificados, não passa a ser a oitava, mas a sexta.
Alagoas mantém a redução e também fica como o estado que mais reduziu CVLI em 2015, mesmo com os dados retificados.