O governo publicou na edição desta terça-feira (22) do “Diário Oficial da União” a nomeação do deputado Roberto Freire (PPS-SP) para o cargo de ministro da Cultura.
Presidente nacional do PPS, Freire assume o posto no lugar do diplomata de carreira Marcelo Calero, que pediu demissão do cargo na semana passada alegando “divergências” com integrantes do governo.
Segundo Calero, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” e em evento artístico no Rio de Janeiro, o motivo de sua saída seria uma pressão do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para liberar um empreendimento imobiliário de alto luxo no centro histórico de Salvador no qual Geddel tinha comprado um apartamento.
À Rede Bahia, afiliada da TV Globo, Geddel admitiu ter conversado com Calero sobre o assunto, mas negou que tenha havido pressão.
Segundo o próprio Roberto Freire, a cerimônia de posse deve ser realizada nesta quarta (23), no Palácio do Planalto. Ele disse ao G1 que a data foi acertada com o presidente da República, Michel Temer, durante almoço no Palácio da Alvorada.
Ao G1, Roberto Freire afirmou que, na conversa com Temer, eles não chegaram a discutir as ações que deverão ser tomadas na pasta a partir do momento que asumir o ministério. Ele acrescentou, porém, que buscará dar continuidade ao trabalho de Calero.
“Vou seguir o princípio da continuidade. Vou conversar com secretarias e gabinetes, sem mudanças drásticas”, disse.
Sobre o episódio envolvendo Calero e Geddel, Freire disse não ter como fazer uma avaliação. “O Ministério da Cultura já resolveu a questão de apoiar a decisão do Iphan e não tem mais nada a ver com isso”, acrescentou.
Caso Geddel
Nesta segunda, um grupo de parlamentares que faz oposição ao governo do presidente Michel Temer pediu à Procuradoria Geral da República que investigue o ministro da Secretaria de Governo e apure se ele cometeu crime no episódio com Marcelo Calero.
Após a ação da oposição, o líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), acusou os parlamentares de tentarem criar um “fato político”.
Em meio aos desdobramentos políticos do caso, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, convocou a imprensa para um pronunciamento no Palácio do Planalto no qual disse que o presidente Michel Temer decidiu manter o ministro no cargo.
Em razão do episódio, nesta segunda, a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu abrir um processo para apurar a conduta de Geddel Vieira Lima.