A Secretaria de Segurança Pública apresentou durante entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (22) quatro suspeitos de participação no assassinato do professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Daniel Thiele. Os suspeitos, de acordo com as investigações, fazem parte de uma organização criminosa em quem um dos integrantes também participou do assalto que deixou um casal ferido no Conjunto Santo Eduardo.
Antes mesmo de falar sobre os novos suspeitos presos envolvidos no crime que vitimou o professor da Ufal, Daniel Thiele, o delegado responsável pelas investigações, Felipe Caldas, aproveitou para justificar a prisão de dois irmãos acusados de participação no crime, mas que dias depois tiveram a prisão revogada, a pedido do próprio delegado.
“Naquele momento nós tínhamos indícios da participação dos irmãos por causa da ligação feita com o chip que era do professor. Com isso, foi pedida a prisão dos dois, que é uma das medidas cautelares que a polícia usa, e eles ficaram presos por dois dias. A advogada dos irmãos foi até a delegacia e apresentou um álibi e vídeos que mostravam que estavam trabalhando no dia do crime, comprovando que os depoimentos que eles deram eram verdadeiros, e que o chip foi encontrado na rua. Imediatamente pedi a revogação da prisão e eles foram soltos”, disse o delegado.
Após o vergonhoso episódio, as investigações continuaram e as equipes conseguiram localizar o jogo de rodas e os pneus do carro do professor com uma pessoa, e o aparelho de celular do professor com outra. “A partir daí, nós fizemos o procedimento de reconhecimento. Mostramos a estas duas pessoas uma quantidade de fotos de pessoas envolvidas com este tipo de crime e as duas pessoas conseguiram identificar a mesma pessoa como sendo quem vendeu os objetos. Ou seja, os materiais estavam com pessoas diferentes, que compraram do mesmo vendedor”, disse o delegado.
A pessoa apontada como o vendedor dos pertences do professor foi identificada, já tem mandado de prisão expedido, mas está foragido. O delegado Felipe Caldas informou que, por enquanto, não vai divulgar a identidade do foragido para não atrapalhar as investigações.
“Nós temos certeza que, de alguma forma, esta pessoa tem participação no crime, mesmo que não tenha estado na hora da morte do professor. Caso não consigamos realizar a prisão dele no tempo previsto, iremos divulgar fotos e oferecer eventual recompensa para quem passar informações sobre o paradeiro dele”, disse.
Outra linha de investigação levou os policiais até Thiago Anderson Lima da Silva. De acordo com o delegado, após assistirem as imagens das câmeras de segurança de entrada e saída da Universidade Federal de Alagoas e também de uma câmera de monitoramento instalada entre a Ufal e o aeroporto, os investigadores conseguiram identificar um veículo que aparece atrás do carro do professor entrando e saindo do campus, e também visto na câmera da rodovia BR-104.
“Com estas imagens, nós conseguimos identificar o veículo, que nas imagens aparecia com dois indivíduos dentro, e chegamos até o Thiago Anderson Lima da Silva, que era quem o atual proprietário do veículo e dirigia naquele dia. Montamos uma operação para realizar a abordagem e ao fazermos, encontramos uma pequena quantidade de drogas, munição e, com isso, realizamos a prisão do Thiago em flagrante. Após esta prisão, descobrimos que Thiago também era um dos homens que participou do roubo de uma moto no Conjunto Santo Eduardo, quando um casal ficou ferido, em outubro deste ano”, relatou Caldas.
Outros envolvidos no crime foram identificados após a polícia receber ajuda de informantes, que apontaram outros integrantes da organização criminosa. Com isso os agentes da Seção Antissequestro conseguiram prender Anderson da Silva Lima, também conhecido como Guel. Segundo o delegado, Anderson é apontado nas investigações como a pessoa que teria executado o professor e que estava com Thiago no veículo no dia do crime. De acordo com o laudo do IML, o professor Daniel Thiele morreu com um tiro na nuca e em seguida foi colocado no veículo e incendiado.
“Chegamos à conclusão que o professor foi vítima de um crime de latrocínio, após ter reagido a uma abordagem dos criminosos que estavam no veículo identificado nas imagens. Provavelmente a reação e morte da vítima não estavam nos planos e, após isso, Thiago e Anderson, ligaram para Luis Fernando Gonçalves de Oliveira, que também é conhecido como Nenoí, que foi ao encontro dele acompanhado de Fabiano da Silva Rocha, conhecido como Touchinho, que foram ao encontro dos comparsas em uma motocicleta”, relatou o delegado.
O delegado não soube explicar de que forma exatamente a dupla que estava na motocicleta e foi ao encontro de Thiago e Anderson atuou no crime porque eles não quiseram se manifestaram durante os depoimentos, mas afirma no laudo da perícia feita no local consta o traçado do pneu da motocicleta usada pela dupla.
Questionado sobre a possibilidade de o professor ter algum tipo de contato com uma das pessoas que estava dentro do veículo, o delegado Felipe Caldas disse que não descarta. O delegado disse ainda que durante depoimento, Thiago Anderson confirmou que entrou e saiu da UFAL no dia do crime, mas ao ser acusado de latrocínio, ele disse que só atua com roubos de carros.
Os quatro envolvidos na morte do professor serão indiciados por latrocínio, ocultação de cadáver e organização criminosa. Além da pessoa que vendeu os pertences do professor, outras pessoas ainda podem ser presas, mas Felipe Caldas preferiu não citar a quantidade.
Outros presos
Durante a coletiva, outras quatro pessoas também foram apresentadas. De acordo com o coordenador da Deic, delegado Mário Jorge, eles, junto com os envolvidos na morte do professor, integram a mesma organização criminosa. Entretanto, eles não participaram nem do latrocínio de Daniel Thiele e nem do caso de roubo no Santo Eduardo, no bairro do Poço.
Estes quatro foram presos após investigação realizada pelo Gecoc e estão envolvidos em crimes de roubos de veículos, tráfico de drogas e homicídios.
Foram presos: Jaciano Moreira dos Santos, Marcos Vinícios Dantas de Oliveira, Paulo Henrique Fernandes Bezerra e Eliseu Ramos a Silva.