Há quase uma semana se arrasta o embate pessoal entre a ex-prefeita Kátia Born e João Henrique Caldas (JHC), após o deputado federal ter sido escolhido para a presidência estadual do PSB em Alagoas. Na manhã desta segunda-feira (28), a ex-secretária de Saúde de Rio Largo alega ter sido vítima de um complô que a tira da presidência antes do fim do mandato, previsto para 2017. Kátia afirma que o deputado federal planeja uma “tomada de poder” dentro do partido, similar à crise vivida pela então presidente Dilma Rousseff (PT). O curioso, nesse caso, é que a própria legenda, o PSB, apoiou diretamente o impeachment de Dilma, que foi considerado por alguns setores “golpe parlamentar”.
O racha interno começou quando JHC foi indicado ao cargo de presidente local da legenda. Contrária a essa rápida ascensão, Kátia Born passou a chamar JHC de “golpista”, pois a escolha não teria levado em conta a opinião de todos os diretórios sendo então antidemocrática.
“Todo mundo foi tomado de surpresa na quinta-feira [24] com essa informação. A imprensa mesmo já estava sabendo, todos em Brasília também e todos os prefeitos agora ficam apreensivos pois a maioria não tem nenhuma relação com o deputado JHC”, dispara.
Na visão da ex-secretária, JHC chegou de “paraquedas” no partido e planeja essa tomada de poder há algum tempo. De acordo com avaliação da mesma, Kátia disse contar com o apoio de 45 diretórios locais contra 27 do deputado federal, que foi o candidato do partido à Prefeitura de Maceió.
Essa “intervenção” dos níveis superiores do partido em Alagoas, atribuída por Kátia Born, não foi a primeira vez e já teria feito outras vítimas em outros estados. “Eu acho que o partido se constrói de conceitos políticos e este não é um partido de aluguel. Embora nos últimos meses houveram intervenções no Ceará, no Acre, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro”, explica.
Um dos maiores questionamentos de apoiadores de Kátia Born seria a aliança de JHC com lideranças do Movimento Brasil Livre (MBL) e com figuras investigadas como o ex-deputado federal Eduardo Cunha, cassado recentemente em decorrência da Operação Lava Jato.
“Existe um processo de encaminhamento à direita no Brasil de hoje. O que vale é o voto no Congresso. Desde o momento que o PSB fez acordo com o PSDB que isso vem acontecendo”, endossa o discurso o ex-deputado federal Petrúcio Bandeira, que manifestou apoio. Na visão do aliado de Kátia Born, existe uma grande possibilidade de desfiliação dos membros caso seja mantida a decisão sobre a manutenção do cargo de JHC.
Evitando falar em desistência e saída prematura, Kátia Born informa ainda que irá se reunir com diretores locais para avaliar quais medidas jurídicas podem ser tomadas. “Vamos ouvir os diretores até a sexta-feira [02] para tomarmos uma decisão democrática e formalizar”, finaliza.
Para dar a versão sobre a crise do PSB, a equipe de reportagem pediu o posicionamento do deputado federal JHC e sua assessoria ficou de encaminhar posicionamento oficial.