O Ministério Publico, através da promotora Francisca Paula de Jesus, ingressou com ação de investigação eleitoral em desfavor do prefeito eleito de Maragogi, Fernando Sérgio Lira (PP) e sua vice.
No último dia 16, Lira esteve na sede do Poder Judiciário em Maragogi, onde foi prestar esclarecimentos de duas ações movidas pela coligação opositora “O Sol Nasce Para todos”. A ação foi embasada em denúncia de compra de votos em troca atendimento médico, com testemunhais atestados em receituários e áudios.
Tudo começou quando o médico reumatologista, durante entrevista a uma rádio local, afirmou que sua residência “se transformou numa UPA II”, numa alusão à Unidade de Pronto-Atendimento que funciona em Maragogi. Na entrevista, o então candidato, ainda confirmou que os atendimentos eram realizados desde 04 de maio, quando voltou a residir no município. Os acolhimentos domiciliares de Fernando Sérgio geraram, inclusive, a confecção de um boletim de ocorrência, onde o coordenador das equipes de enfermeiros da UPA de Maragogi denunciou a prescrição de um raio-x por determinação do candidato, o que seria irregular, uma vez que o médico não integra os quadros da unidade de atendimento.
Nas redes sociais, durantes semanas, circularam imagens de pacientes comentando que foram atendidos na casa do candidato e que, ”caso alguém tivesse algum problema médico”, Fernando Sérgio Lira encontrava-se à disposição para ofertar o atendimento clínico em questão. Nas mensagens, os pacientes que fazem o convite relatavam que o atendimento era “0800 e por amor à sua terra, que é Maragogi”‘. Através de ata notarial, a denúncia do suposto atendimento médico em troca de voto foi encaminhada à Superintendência Regional de Polícia Federal em Alagoas, à Promotoria de Justiça de Maragogi-AL e ao Ministério Público Federal (MPF) com o objetivo de que os órgãos realizassem diligências no sentido de constatar se, de fato, existiu a troca de atendimento médico por votos.
Outro agravante, que pode enquadrar Sérgio Lira em crime de corrupção eleitoral, é refente à distribuição, durante todo o período eleitoral, do “Bolsa Voto”, estratégia que consistia em prometer aos portadores dos cartões o acesso a uma espécie de Programa Bolsa Família municipal. Em Maragogi, a estratégia foi lançada pelo marqueteiro da campanha, Tadeu Lira, que vem a ser irmão do prefeito eleito.
Com tiragem de cinco mil unidades, os cartões traziam no verso, a simulação de uma tarja eletrônica com o nome e número dos candidatos. Nos lugares onde eram distribuídos, a informação era de que a partir de janeiro, cada maragogiense de baixa renda receberia um benefício em dinheiro. Para explicar o funcionamento do programa ‘Bolsa Viva Bem, Maragogi’, alguns cabos eleitorais do candidato garantiam que o pagamento seria efetuado mensalmente e complementaria a renda do eleitor. Para isso, ele teria somente que garantir o voto em Fernando Sérgio Lira, candidato pelo PP com o número 11.
De acordo com informações, o denunciado teve prazo de cinco dias (contados a partir do dia da audiência), para apresentar sua defesa sobre as graves acusações. A depender do julgamento das ações interpeladas junto à Justiça Eleitoral, antes da diplomação dos prefeitos eleitos no último dia 02, algumas mudanças acontecerão no cenário político de alguns municípios alagoanos.