Após vir à tona que deputados estariam sendo pressionados para mudarem os votos em relação à PEC do Orçamento Impositivo, o clima ficou pesado no plenário da Casa de Tavares Bastos. Alguns parlamentares trocaram acusações e ofensas durante a sessão.
As acusações tiveram início após o deputado Galba Novaes (PMDB) pedir a palavra para explicar o motivo de ter votado a favor do parecer, mas não do projeto. “Eu votei a favor do parecer porque eu não poderia ser contra uma matéria que a CCJ já havia dito que era constitucional. Mas eu fui convencido de que este não é o melhor momento para aprovar o projeto. Votarei a favor da PEC, mas na hora que achar que seja o momento adequado”, disse Galba.
A declaração do parlamentar foi a gota d’água para que o deputado Francisco Tenório (PMN) iniciasse uma série de acusações contra os pares. “Tem coisa que eu escuto aqui e não consigo ficar calado. Teve deputado aqui que disse que um por cento para as emendas era muito pouco. Mas isso foi dito enquanto não foi chamado ao palácio, mas ao ser chamado foi convencido. É lamentável que isso aconteça porque o Parlamento tem que votar com a sua consciência e não pelo cargo que ganha ou pela pressão que recebe. Teve deputado que assinou o requerimento e depois fugiu daqui. Outros foram ao palácio atender ao chamado e se escondeu. Que Parlamento é esse? Vamos fazer política, sim. Vamos querer participar da administração do Estado assumindo secretaria, sim, mas não vendendo a nossa dignidade.
Extremamente irritado, Tenório disse que os colegas estavam trocando o voto por indicações de cargos no Governo. “Eu queria aqui parabenizar o deputado Antônio Albuquerque, conforme vi na imprensa, que conseguiu emplacar seu filho como secretário do Esporte. A deputada Jó Pereira, que conseguiu emplacar seu irmão no Desenvolvimento Social. O deputado João Beltrão, que mesmo ausente, conseguiu emplacar a filha na Secretaria do Turismo. Vamos fazer política, sim, mas não vendendo a dignidade. Assinar uma proposta à constituição, pedir que vá para votação em plenário e depois correr para o palácio para negociar. Isso eu não faço nunca na vida”, disparou Tenório.
Ronaldo Medeiros (PMDB) saiu em defesa dos pares e disse que nenhum acordo foi fechado no palácio e que, caso algum deputado conseguisse emplacar alguém nas secretarias, seria por mérito.
Em resposta às acusações, a deputada Jó Pereira (PMDB) disse que em nenhum momento assinou nenhum requerimento relacionado à PEC. A deputada disse também que é a favor da PEC, mas quando ela for discutida de forma madura. “Uma matéria importante com esta tem que ter um debate maduro e conversado. Em nenhum momento a discussão do orçamento passou pela negociação de secretaria”, disse a deputada.
Antônio Albuquerque (PTB) também pediu a palavra para dizer que sempre foi a favor da PEC e que não houve convite para que seu filho ocupasse algum cargo no governo.
“Discordo das mentiras proferidas de forma destemperada e desequilibrada pelo deputado Chico Tenório. Sou a favor da PEC e sempre deixei isso claro aqui. Ontem não pude vim e justifiquei aos colegas. Sobre a história do meu filho assumir a secretaria do Esporte, isto não procede. Nunca houve este convite e, casou houvesse, ele não aceitaria porque o Esporte não é a área dele. E nunca tratei aqui de valentia, mas saiba que seus gritos não me fazem medo e nunca fizeram”, rebateu Albuquerque.