Bernardinho está fora da seleção brasileira. Depois de meses de espera, o treinador teve seu futuro anunciado nesta quarta-feira,11, em uma coletiva de imprensa na sede da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), à qual não esteve presente.
Nas últimas semanas, o técnico teve uma série de reuniões com a direção da entidade e, na noite de terça-feira (10), definiu seu futuro. Bernardinho ocupou o cargo por quase 16 anos. Bicampeão olímpico, um dos maiores técnicos da história do vôlei mundial conquistou o histórico ouro nos Jogos do Rio, no ano passado. Agora, se despede antes do início do ciclo rumo aos Jogos de Tóquio, em 2020. Renan Dal Zotto, diretor de seleções até os Jogos do Rio, será o novo técnico da equipe.
“Infelizmente as certezas que a gente estava aguardando só passaram a acontecer de ontem à noite para hoje. O presidente Toroca convidou antes mesmo dos Jogos tanto Zé Roberto quanto Bernardinho para continuar. Zé confirmou que gostaria de continuar. Bernardinho pediu um tempo maior. Ele tinha uma enorme dificuldade de definir sua situação até que entre Natal e Ano novo começou a decidir. Até que ele anunciou que não continuaria”, disse Radamés Lattari, diretor de vôlei de quadra da CBV.
Renan, anunciado como o comandante do time masculino, deu suas primeiras palavras no novo cargo. A história do novo treinador com a seleção brasileira de vôlei é longa. Ele fez parte da chamada “geração de prata” de 1984, dirigiu clubes italianos e do Brasil no início de sua trajetória como treinador e tem um perfil exigente na gestão de seus projetos.
“É um motivo de muito orgulho estar aqui hoje pela confiança depositava pelo Toroca e pela CBV no meu nome. Estou há mais de 40 anos no vôlei e algumas vezes fui convocado pela CBV. Durante 13 anos como atleta, aquele frio na barriga. Depois em 2001 para ajudar na transição do Bernardo do feminino para o masculino. Isso me entusiasma muito.”, anunciou o novo técnico.
Apesar de deixar o comando direto da equipe, CBV e Renan ainda vão contar com o auxílio de Bernardinho. Segundo Radamés, ele terá um cargo de gestão na entidade. Ainda não foram definidos, porém, o nome exato da função e os detalhes dela. Mas a ideia é que ele colabore com o time adulto e também com as categorias de base.
“O Bernardo será coordenador técnico da seleção masculina, mas ele também tem o desejo de coordenar um trabalho técnico com a base. Vocês conhecem o estilo do Bernardinho. Ele não está preocupado com nomenclatura de cargo. Ele quer é trabalhar. Podem falar que será coordenador, consultor, ele quer colaborar”, disse Radamés.
O diretor afirmou que Renan foi a escolha do presidente Toroca desde o princípio. A primeira competição oficial do novo técnico será a Liga Mundial, que terá início em junho. Ele, no entanto, espera fazer alguns amistosos antes da disputa. Disse que ainda não planejou sua primeira convocação, mas que já passou as últimas noites pensando em como montar o time.
“Quanto a convocação, atletas, não parei para pensar ainda. Faz dois dias que não durmo, porque a gente estava sempre pensando em mudar a ideia do Bernardo. Realmente há sete anos não estou na beira da quadra. Se o presidente Toroca tivesse me convidado um ano antes dos Jogos, eu não seria irresponsável de aceitar porque sei que preciso de tempo para me readaptar”.
A carreira vitoriosa de Bernardinho
Bernardinho chegou à seleção em 2001, às vésperas da Liga Mundial daquele ano – da qual sairia campeão. Estreou no dia 4 de maio, contra a Noruega, em amistoso disputado em Portugal, como parte da preparação para o torneio. Nos últimos 15 anos, somou mais de 30 conquistas à frente da equipe. Foram dois ouros olímpicos (2004 e 2016), duas pratas (2008 e 2012) e três títulos mundiais (2002, 2006 e 2010), além de oito Ligas Mundiais. Antes, com a seleção feminina, conquistou dois bronzes olímpicos, nos Jogos de Atlanta, em 1996, e de Sydney, em 2000. Foram seis medalhas olímpicas em sequência.
Nos últimos anos, o técnico deixou claro que estava próximo de deixar o cargo. Também à frente do Rio de Janeiro, clube mais vitorioso do país, Bernardinho sentia falta do convívio com a família. O ouro nos Jogos do Rio, porém, deixou o treinador indeciso. Não se sentia pronto para se afastar do trabalho de uma vida. Nos últimos meses, tentou fazer com que a CBV aceitasse a ideia de assumir um cargo diferente, coordenando a seleção, com Rubinho, seu auxiliar, à frente da equipe. A ideia, porém, não agradou à CBV e culminou na decisão anunciada nesta quarta-feira, 11.