Manifestantes entregam “troféu” à PM e depredam bancos em SP

Vagner Magalhães / Especial para TerraCatraca artesanal que foi entregue à Polícia Militar, ao fim do ato contra o aumento no preço das integrações

Catraca artesanal que foi entregue à Polícia Militar, ao fim do ato contra o aumento no preço das integrações

A primeira manifestação contra o aumento de preço das integrações e dos bilhetes temporais do transporte coletivo de São Paulo, que foi barrado pela Justiça na última terça-feira, teve um desfecho bastante convencional. Pelo menos três agências bancárias tiveram os vidros estilhaçados e uma vitrine foi pichada no bairro dos Jardins. O alvo foi o prefeito João Doria (PSDB), que tomou posse no último dia 1º de janeiro.

Na campanha, ele prometeu que não haveria aumento no preço das tarifas dos ônibus no primeiro ano de mandato. Mas assim que assumiu, autorizou o reajuste acima da inflação nas integrações (em conjunto com o governador tucano Geraldo Alckmin, seu padrinho político) e nos bilhetes mensal e diário.

A concentração das cerca de mil pessoas que compareceram ao protesto começou por volta das 17h, na praça do Ciclista, esquina com a rua da Consolação. O objetivo dos manifestantes era seguir até a casa do prefeito Doria, no Jardim Europa, e entregar a ele uma pequena catraca artesanal, uma espécie de troféu dourado, batizado de “Aumento Inovador”. Justamente por ter congelado a tarifa básica e aumentado o valor das integrações e dos bilhetes temporais.

No trajeto, os manifestantes desceram a avenida Rebouças até a avenida Henrique Schaumman. Ali, houve o primeiro impasse com os policiais. O grupo queria seguir até a avenida Faria Lima, mas a PM desviou o trajeto para a avenida Brasil.

Pelo caminho, a tranquilidade só foi quebrada quando um integrante do Movimento Brasil Livre tirou de um saco plástico e ofereceu a um grupo pães com mortadela. Ele foi perseguido por cerca de uma quadra e se abrigou atrás de uma viatura policial. Houve aglomeração e alguns xingamentos de parte a parte, sem agressões físicas.

A manifestação seguiu até a esquina da rua Colômbia, a quatro quadras do destino final, que era a rua Itália, onde fica a mansão de Doria. Ali, um grande grupo de policiais impediu que os manifestantes seguissem em frente, dando como única opção prosseguir pela rua Colômbia e rua Augusta, até que retornassem à avenida Paulista.

Ao perceber que os policiais estavam irredutíveis, os manifestantes então decidiram encerrar o ato. Nesse momento, o troféu que tinha a casa de Doria como destino foi entregue ao tenente-coronel Francisco Canjerana. Quando perguntado se entregaria o troféu ao prefeito, foi irônico. “Não, vou guardar. Não é minha atribuição, não trabalho para o prefeito. E tenho 32 anos de trabalho, posso ficar com o troféu”, disse, acreditando que a noite tinha sido um sucesso.

Vagner Magalhães / Especial para TerraManifestação saiu da praça do Ciclista, na avenida Paulista

Manifestação saiu da praça do Ciclista, na avenida Paulista

Na dispersão, o grupo, já fragmentado, entrou na rua Colômbia, em direção à avenida Paulista, conforme combinado. Mas bastaram cinco minutos para que as agências bancárias da região começassem a ser quebradas. A primeira foi uma do Banco do Brasil. Depois, duas do Santander. Na esquina da rua Oscar Freire, uma vitrine foi pichada com xingamentos a Doria.

Quando a polícia percebeu a quebradeira, começou uma grande correria e pelo menos quatro pessoas foram detidas. As lixeiras foram arremessadas para o meio da rua e muito lixo ficou espalhado. Se a polícia conseguiu evitar que os manifestantes chegassem à casa de Doria, tomou um drible ao achar que a manifestação terminaria sem nenhuma ocorrência. Na próxima quinta-feira, novo ato está marcado para as 17h, na estação da Luz, região central de São Paulo.

Fonte: Vagner Magalhães / Especial para Terra

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