Portadores de câncer em estágio avançado não precisam mais sair de Alagoas em busca de tratamentos cirúrgicos complexos. Com a renovação da equipe de cirurgiões oncológicos e a adoção de novas tecnologias e rotinas de segurança, a UTI e o centro cirúrgico da Santa Casa de Maceió passaram a realizar procedimentos antes pouco frequentes em Alagoas, alguns até mesmo inéditos.
Nos últimos cinco anos, as equipes do Serviço de Cirurgia Oncológica atenderam pacientes que antes eram considerados inoperáveis, portadores de tumores avançados, que até recentemente recebiam apenas cuidados paliativos nesta fase da doença.
“Essas intervenções são realizadas apenas em centros de excelência que possuem profissionais com a expertise necessária e a mais moderna tecnologia para cada caso”, comentou o cirurgião oncológico Aldo Barros, chefe do Serviço de Cirurgia Oncológica da Santa Casa de Maceió.
“Tais procedimentos visam a melhora na qualidade de vida do paciente, mas quando se faz acompanhar de uma maior sobrevida ou até mesmo da cura, temos confirmada ainda mais a sua importância”, acrescentou.
As cirurgias ampliadas, de alta complexidade, podem ser indicadas em pacientes com câncer de fígado, esôfago, pulmão, pâncreas, estômago, intestino, útero, vesícula ou vias biliares ou mesmo em órgãos distantes donde está o tumor.
Câncer do pâncreas
Entre as conquistas do Serviço de Cirurgia Oncológica, destaque para o substancial aumento nas intervenções em pacientes com câncer na cabeça do pâncreas (duodenopancreatectomia), realizada pela equipe do abdome superior coordenada pelos cirurgiões do aparelho digestivo Filipe Augusto de Oliveira e Oscar Ferro.
Segundo Oscar Ferro, a duodenopancreatectomia é uma cirurgia de grande porte onde são retirados em torno de cinco órgãos da região do abdome.
Outra intervenção que atraiu a atenção da mídia foi a cirurgia para o tratamento do câncer do peritôneo com aplicação de quimioterapia intraabdominal (conhecida pela sigla HIPEC), realizada por uma equipe multiprofissional coordenada pelo próprio Aldo Barros.
Citorredução com HIPEC
A cirurgia de citorredução com HIPEC consiste na remoção de toda doença visível na cavidade abdominal através da retirada do peritônio doente e órgãos adjacentes acometidos, como o baço, a vesícula biliar, o intestino, etc. Em seguida faz-se a perfusão da cavidade abdominal com um líquido quimioterápico durante 30 a 90 minutos a uma temperatura de 41 a 43°C.
A preparação para esta cirurgia é considerada complexa, envolvendo o maquinário de perfusão, infraestrutura hospitalar, quimioterápicos e uma equipe de especialistas integrada antes, durante e no pós-operatório.
“A cirurgia de citorredução com HIPEC depende de uma equipe multidisciplinar com profissionais das áreas da cirurgia, anestesia, medicina intensiva, oncologia clínica, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição, entre outros”, lembra Aldo Barros.
Tanto Filipe Augusto como o próprio Aldo Barros enfatizam, entretanto, que nem todo paciente pode ser submetido às cirurgias ampliadas. Há fatores que devem ser considerados como o estágio da doença, o quadro clínico, a idade e as comorbidades do paciente, assim como os riscos e benefícios envolvidos e, principalmente, à qualidade de vida do paciente após a cirurgia.