“Esta Alagoas libertada/que flameja nos brasões/como Estrela Radiosa/é a Mamãe independente/irradiando seus Filhinhos”, diz o frevo “Alagoas Libertada”, tema que os foliões do bloco carnavalesco Filhinhos da Mamãe irão desfilar com toda alegria pelas ruas de Maceió, homenageando os 200 anos de Alagoas.
Há mais de 30 anos, o bloco, um dos mais tradicionais da capital alagoana, arrasta multidões ao som e passo do frevo, preservando a tradição do carnaval de rua da cidade.
Fundado em 1983, o Filhinhos da Mamãe surgiu do desejo de atores e atrizes de brincar o carnaval de rua em Maceió, inspirados no espetáculo de teatro “Estrela Radiosa”, de 1982, escrito por Ronaldo de Andrade e montado pela Cia Teatral Comédia Alagoense, grupo subsidiário da Associação Teatral de Alagoas (ATA). O nome foi uma forma de protesto aos chamados “filhinhos de papai”, jovens de classe média alta que ostentavam a riqueza dos pais naquela época.
Com a participação de artistas e intelectuais, o Filhinhos da Mamãe passou a estimular a prática do carnaval de rua em Maceió. Sua fundação abriu portas para o surgimento de outros blocos carnavalescos, indicando o Jaraguá e a Pajuçara como polos da folia.
Segundo Ronaldo de Andrade, um dos idealizadores do bloco, o convite aberto à participação de todos os interessados em brincar o carnaval tem o intuito de fortalecer a tradição cultural do uso de fantasia pelos foliões.
Tradição
Como já é tradição no pré-carnaval de Maceió, o ponto de partida do cortejo é o Museu Théo Brandão, que abre seus portões todos os anos para receber a “Mamãe Alagoas”, uma boneca gigante de 3 metros de altura, símbolo máximo do bloco, e seus “Filhinhos”, os foliões. Segundo Andrade, “uma relação de parceria estreita e duradoura”.
Em 1985, após o terceiro ano de fundação, a administração do bloco resolveu parar as atividades e entregar a Boneca Gigante e o seu Estandarte para comporem o Patrimônio da Cultura Popular do Museu Theo Brandão.
Já em 1999, os remanescentes do Filhinhos da Mamãe foram estimulados a retornar com o bloco. “Após a liberação pelo museu, se estabeleceu tacitamente a consciência entre os Filhinhos, todos integrantes da Associação Teatral das Alagoas e as sucessivas diretorias do Museu Theo Brandão, que o estandarte, a boneca Mamãe Alagoas e todos os adereços do bloco integrariam a Sala de Carnaval do Museu, só saindo dali para fazer as prévias e o carnaval em Alagoas”, disse Ronaldo.
Carnaval 2017
Este ano, o Filhinhos da Mamãe desfila na noite do dia 17 de fevereiro, durante as prévias carnavalescas no bairro do Jaraguá, e no dia 25 de fevereiro, sábado de Zé Pereira, durante o carnaval. As atividades estão mais diversificadas e servem como preparação para as comemorações dos 35 anos do bloco, no próximo ano.
Na sexta (17), o cortejo tem início à 0h, saindo do museu pela Avenida da Paz e percorrerá a Rua Sá e Albuquerque até a Casa do Patrimônio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), onde a Boneca Gigante, seu estandarte e alegorias serão deixados para integrar a exposição “Outrora Agora – o Bloco Filhinhos da Mamãe e o Carnaval de Maceió (1983-1985)”. A mostra ficará aberta ao público até o dia 13 de março, em horário comercial.
Já no Sábado de Carnaval (25), o bloco faz o percurso Jaraguá-Pajuçara, saindo da Casa do Patrimônio, com concentração das 20h às 21h, e seguindo até o Sete Coqueiros. “Este segundo cortejo atende a realização de um planejamento que visa o fortalecimento do Filhinhos da Mamãe e sua participação definitiva também no período oficial de carnaval em Maceió. É uma decisão motivada pelas comemorações da libertação de Alagoas”, disse o organizador.
Outra novidade é a realização do “Bailinho – Folia”, que encerrará as atividades momescas do bloco. Uma festa para as crianças, com frevos e fantasias, que acontecerá no dia 27 de fevereiro, das 15h às 18h, na Casa do Patrimônio.
Repertório
A tônica do repertório do bloco é a divulgação e lançamento de novos e antigos frevos. Não pode faltar a execução dos hinos “Yes, Mamãe !”, de (1983), “Filhinhos da Mamãe 21 Carnavais”, de (2004) e “Maceió terra do sol”, de 2016. Neste ano, será executado o frevo inédito que exalta a libertação de Alagoas.