No final da tarde de hoje (07) cerca de 500 mulheres ocuparam o prédio da Gerência do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em Maceió, no Centro da Cidade. Com faixas, bandeiras e cartazes, as manifestantes protestam contra a Reforma da Previdência, proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB). Somente em Maceió, essa é a segunda ocupação realizada pelas mulheres no dia de hoje, quando, pela manhã, 1500 ocuparam a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
De acordo com Débora Nunes, da coordenação nacional do MST, a reforma proposta pelo governo Temer deve ser repudiada por todo o povo brasileiro. “Com a proposta de reformar a Previdência, o governo golpista e ilegítimo de Michel Temer, na verdade, afronta os direitos historicamente conquistados pelas trabalhadoras e trabalhadores. Essa é mais uma tentativa de fazer com que o povo pague por uma conta que não é nossa”, destacou Nunes.
“Nossa ocupação aqui, soma-se aos atos em todo o país contra qualquer postura que ameace as nossas conquistas. Defendemos uma Previdência pública, universal, solidária e que garanta aos trabalhadores e trabalhadoras, que por toda a sua vida trabalham para construir esse país e uma sociedade melhor, uma aposentadoria digna”.
Participam da ocupação as trabalhadoras rurais Sem Terra ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), o Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e o Movimento Via do Trabalho (MVT), além da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Alagoas (Fetag) e sindicatos filiados a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Para Rilda Alves, presidenta da CUT Alagoas, as lutas em torno da Jornada das Mulheres marca a luta contra a Reforma da Previdência. “Essa reforma é contra a vida dos trabalhadores brasileiros, em especial contra a vida das mulheres trabalhadoras e nossa jornada vem dar o tom da nossa insatisfação com mais esse ataque do governo golpista”, ressaltou.
As mulheres montam acampamento no prédio da gerência, onde ficam, somando-se às mobilizações na capital no 8 de março. “2017 será um ano de muitos desafios e as mulheres em todo o país iniciam nosso ano dando o tom da nossa resistência e luta para o próximo período, em especial aqui em Alagoas, onde daremos com a força da pressão popular, respostas ao atraso e concentração que dominam o nosso estado”, disse Rilda.
Ocupação no Incra
Ocupado no início da manhã por cerca de 1500 trabalhadoras Sem Terra, os doze andares do prédio da superintendência do Incra segue tomado pelas camponesas. Lá, as denúncias são em torno da paralisia da Reforma Agrária e, em especial, contra o que chamam nas faixas e cartazes “Golpe na Reforma Agrária”, referindo-se à Medida Provisória 759, que trata da regulamentação fundiária urbana e rural, trazendo diversos retrocessos aos direitos conquistados pelos assentados da Reforma Agrária, além de ameaçar e criminalizar a luta pela democratização do acesso a terra.
Heloísa Amaral, da CPT, ressaltou que as mulheres Sem Terra demarcam nessa ocupação a necessidade de fortalecer as trincheiras de resistência no campo, frente aos ataques do governo de Michel Temer.
“Nossa Jornada é uma grande resposta aos ajustes desleais desse governo com o povo, em especial com as mulheres. Seja no campo ou na cidade, esses são ataques que refletem diretamente na nossa vida”.