Condenação do goleiro Bruno completa quatro anos nesta quarta-feira

No Dia Internacional da Mulher de 2013, ele foi considerado culpado no processo que apura a morte de Eliza Samudio. Em liberdade, ele analisa propostas de times para voltar a campo, diz advogado.

Raquel Freitas/G1breuno

No início da madrugada do Dia Internacional da Mulher de 2013 quando o goleiro Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e 3 meses de prisão no processo que apura o assassinato de Eliza Samudio. A decisão em primeira instância completa quatro anos nesta quarta-feira (8), e o julgamento de recurso ainda é aguardado pela defesa. Há cerca de duas semanas, em decisão provisória, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a soltura do jogador. Neste momento, Bruno está em liberdade, e o futuro dele depende do andamento do processo na Justiça.

O Tribunal do Júri de Contagem considerou o jogador culpado pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. O atleta foi preso em julho de 2010, quando defendia o Flamengo, e ficou detido por cerca de seis anos e meio.

A saída da prisão, em 24 de fevereiro, gerou reações diversas na opinião pública. Na semana passada, ele foi abordado por fãs e tirou selfies no Fórum de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nesta semana, grupos se mobilizaram nas redes sociais contra a possibilidade de Bruno voltar ao futebol. O possível regresso foi anunciado pelo advogado dele, Lúcio Adolfo, que garante haver três propostas “prontinhas” para serem resolvidas.

Na decisão em que pôs Bruno em liberdade, o STF considerou que houve excesso de prazo na prisão. Veja a decisão na íntegra.

O criminalista Sérgio Leonardo concorda com o entendimento do ministro Marco Aurélio Mello. “Entendo que uma pessoa que está presa há mais de seis anos sem ter a sua situação definida, ao menos em segunda instância, está presa preventivamente por prazo excessivo”, diz.

Para Lúcio Adolfo, “a demora se deveu a vários aspectos”. “Um processo daquele tamanho, daquela magnitude, é natural que se atrase. (…) Eu nunca disse que a culpa do atraso é do TJ [Tribunal de Justiça] de Minas Gerais. O que eu disse é que atrasou lá, mas foi circunstância de processo”, afirma o advogado.

Ele comenta que a primeira das circunstâncias foi o tempo levado para o processo sair de Contagem e chegar ao tribunal, em Belo Horizonte. Lúcio Adolfo cita também o descumprimento de prazos por parte de advogados de outros réus envolvidos na ação e sugere que o processo tenha ficado com a promotoria por período excessivo.

O TJMG, a pedido do relator do processo em Minas, o desembargador Doorgal Andrada, divulgou uma nota em que afirma que a ação, na Justiça estadual, está regularmente em dia e com os prazos inteiramente dentro do que prevê a legislação.

“O desembargador relator sempre pautou seu trabalho rigidamente dentro dos prazos e de forma exemplar, conforme sempre foi atestado mensalmente pelo CNJ [Conselho Nacional de Justiça]. Mas nem por isso poderá suprimir prazos processuais cabíveis a defesa, e tampouco vai se manifestar sobre qualquer decisão que o STF entenda sobre o referido processo. Especificamente sobre o processo, todas as vezes em que foi instado a decidir, o relator se manifestou em tempo hábil, observado o direito e a celeridade processual”, diz a nota.

Com a repercussão da decisão do STF, o advogado acredita que possa haver certa celeridade no andamento da ação. “Eu tenho medo da pressa que vai vir agora, porque ninguém teve pressa enquanto o Bruno estava preso. Agora está todo mundo querendo ter pressa porque ele está solto. Isso não é correto, isso não é nem bonito. Enquanto o Bruno estava preso, o processo demorou, eu fui o único cara que brigou e brigou com raiva jurídica. (…) Agora começa a correr com o processo?”, questiona.

Bruno se apresentou à Justiça na última semana e informou um endereço em Belo Horizonte como local de residência. Segundo a advogado, esse endereço pode mudar, dependendo das propostas para que o jogador volte a campo.

Na última sexta-feira, ele viajou da capital mineira para o Rio de Janeiro, onde mora a mulher dele, Ingrid Calheiros. Segundo Lúcio Adolfo, nesta quarta, ele deve se reunir com o cliente. “Ele vai estar comigo para resolver qual é o destino”, adianta.

Eliza Samudio foi morta em 2010 e o corpo ainda não foi encontrado. (Foto: Reprodução/GloboNews)Eliza Samudio foi morta em 2010 e o corpo ainda não foi encontrado. (Foto: Reprodução/GloboNews)Eliza Samudio foi morta em 2010 e o corpo ainda não foi encontrado. (Foto: Reprodução/GloboNews)

Caso Eliza

Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador não reconhecia a paternidade.

Bruno foi condenado a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.

 (Foto: Arte/G1) (Foto: Arte/G1)(Foto: Arte/G1)
Fonte: G1

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